EUA querem revolução como a
do Egito no Irã
Em meio aos intensos confrontos entre
manifestantes e policiais nas ruas de Teerã, no Irã, a
secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que
seu país apoia as demandas dos opositores e saudou a
"coragem" e as "aspirações" dos que protestam contra o
governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Segundo ela,
a República Islâmica precisa "abrir" seu sistema
político.
"Queremos para a oposição e o povo heroico
nas ruas e nas cidades de todo o Irã as mesmas oportunidades
que alcançaram seus homólogos egípcios na semana passada",
disse Clinton à imprensa.
"Apoiamos os direitos universais do povo iraniano.
Merecem os mesmos direitos [dos exigidos pelos
egípcios], que são parte de seus direitos naturais",
disse.
TWITTER
Ainda no domingo (13), o Departamento de Estado dos
EUA começou a escrever mensagens em farsi no Twitter
para dirigir-se aos iranianos e insistir na necessidade
de que o Irã permita que sua população se manifeste de
forma pacífica e livre, como no Egito.
No lançamento de sua nova conta no site de microblogs,
@USAdarFarsi, os Estados Unidos evocaram "o papel
histórico" que as redes sociais tiveram para os
iranianos nos protestos, após as eleições presidenciais
de 2009. "Queremos nos unir a vocês, às suas conversas
diárias", diz uma mensagem.
PRISÃO DOMICILIAR
Milhares de iranianos saíram às ruas da capital Teerã
nesta segunda-feira impulsionados pela oposição que
desde as contestadas eleições de 2009, quando o
presidente Mahmoud Ahmadinejad se reelegeu, buscam
amplas reformas democráticas na República Islâmica. O
governo mantém em prisão domiciliar o líder opositor Mir
Hossein Mousavi, informa o site Kaleme.org.
Segundo o site, censurado no país, também foram
cortadas as linhas telefônicas de Mousavi, que junto ao
outro líder opositor iraniano Mehdi Karroubi tinha
convocado para esta segunda-feira um protesto que foi
proibido pelo regime.
Karroubi encontra-se na mesma situação desde
quarta-feira passada, quando as forças de segurança
proibiram a entrada e a saída de pessoas em sua
residência em Teerã.
"Vários carros da polícia proíbem os acesso à rua.
Além disso, as linhas telefônicas, tanto fixas quanto
móveis, de Mousavi e de sua esposa, Zahra Rahnavard,
estão cortadas desde o domingo", explicou o site.
Mousavi e Karroubi lideraram em 2009 os protestos
contra a reeleição do presidente iraniano, Mahmoud
Ahmadinejad, que qualificaram como fraudulenta.
Na repressão a essas manifestações, mais de 30
manifestantes morreram, segundo os números oficiais,
enquanto a oposição denuncia que foram mais de 70 os
mortos.
Além disso, milhares de iranianos foram detidos e
mais de cem foram condenados a diferentes penas,
inclusive à forca, por supostamente conspirar com forças
estrangeiras para derrubar o regime.
CONFRONTOS
Sites de oposição censurados dentro do Irã e agências
internacionais indicam que os manifestantes enfrentam
forte resistência da polícia e forças de segurança
iranianas.
Na Praça Azadi (liberdade, em farsi), em Teerã,
jovens gritavam: "morte ao ditador!" -- um slogan usado
contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad após as eleições
presidenciais de 2009.
O site Kaleme.com afirmou que de acordo com "informes
não confirmados, centenas de manifestantes foram presos
em Teerã".
Não houve confirmação oficial de nenhuma prisão.
Os manifestantes, reunidos apesar de proibição,
realizaram os primeiros protestos contra o governo em
Teerã desde 11 de fevereiro de 2010, quando ativistas
foram às ruas para lembrar o 31º aniversário da
Revolução Islâmica.
O site de oposição Rahesabz.net informou que os
confrontos também foram registrados perto da
Universidade de Teerã e na avenida que liga a Praça
Azadi à Praça Enghelab.
Há informações de que bombas de gás foram lançadas
pela polícia enquanto manifestantes gritavam "Ya Hossein,
Mir Hossein", um slogan de 2009 em apoio a Mousavi.
O site Rahesabz.net também reportou gritos contra o
líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, com gritos de
"Ben Ali Mubarak, é sua vez Ali!".
REPRESSÃO
"A polícia também entrou em ônibus parados no
trânsito (em uma avenida entre a praça Azadi e a
Enghelab) e bateram em mulheres para espalhar medo entre
os passageiros", informou o Kaleme.com.
Segundo os relatos, manifestantes em cabines
telefônicas e utilizando celulares com câmera também
foram alvos da polícia.
Sites e testemunhas informaram que milhares de
manifestantes opositores tomaram as ruas de Teerã em
apoio às revoltas árabes, apesar da grande mobilização
policial.
Alguns colocaram fogo em latas de lixo enquanto
gritavam slogans em aparente referência a Ahmadinejad.
Celulares foram cortados e houve blecautes em áreas
onde os protestos ocorreram, disseram testemunhas.
Enquanto a população iraniana apoia as revoltas na
Tunísia e no Egito, o ministro do Interior proibiu nesta
segunda-feira os protestos planejados por Mousavi e
Karroubi.
Em Londres, a organização de defesa dos direitos
humanos Anistia Internacional condenou as autoridades
"por interromper uma manifestação pacífica". Fonte
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