A cidade de São Paulo amanheceu debaixo d'água
nesta terça-feira. Os alagamentos são resultado da forte
chuva que atingiu a cidade desde a noite de ontem. Houve
transbordamento de córregos e rios --incluindo o
Tietê--, foram registrados mais de 120 pontos de
alagamento na cidade --três ainda ocupam vias--, e a
prefeitura suspendeu o rodízio de veículos.
Deslizamentos de terra e afogamentos causaram ao menos
13 mortes em diferentes pontos do Estado. Há
desaparecidos.
Apesar de a chuva ter dado uma trégua, alagamentos
persistem e ruas permanecem cheias de lama. Desde ontem,
a cidade já registrou 92,5% do índice de chuva esperado
para este mês pelo Inmet (Instituto Nacional de
Meteorologia) --221,2 mm dos 239 mm esperados (cada
milímetro equivale a um litro de água por metro
quadrado). Só a chuva que começou ontem foi responsável
por 68,6 mm.
A Defesa Civil municipal mantém o estado de alerta
para deslizamentos de terra em sete regiões: Butantã,
Campo Limpo, M'Boi Mirim, São Mateus, Jaçanã, Freguesia
do Ó e Pirituba. Outras 18 estão em estado de atenção:
Casa Verde, Perus, Santana, Guaianases, Itaim Paulista,
Itaquera, São Miguel Paulista, Penha, Cidade Tiradentes,
Vila Prudente, Lapa, Capela do Socorro, Ipiranga,
Jabaquara, Santo Amaro, Cidade Ademar, Aricanduva/Formosa
e Ermelino Matarazzo.
MORTES
Em 12 horas, as fortes chuvas provocaram a morte de
13 pessoas no Estado: cinco em São José dos Campos,
quatro em São Paulo, três em Mauá e uma em Mogi das
Cruzes.
O Corpo de Bombeiros contabilizava 11 óbitos, mas
foram registradas também as mortes de um morador de rua
arrastado por uma enxurrada na avenida Nove de Julho, e
uma vítima de deslizamento próximo a região do Capão
Redondo --ainda é analisado se o caso ocorreu na cidade
de São Paulo ou de Embu, por ter ocorrido na divisa.
Ainda em São Paulo, outras duas mulheres --apontadas
como mãe e filha-- morreram soterradas em um
desmoronamento de terra na rua Virgínia de Araújo,
bairro Furnas, na região do Tremembé (zona norte).
Em São José dos Campos, as cinco vítimas foram
soterradas após suas casas serem atingidas por um
deslizamento de terra no bairro Rio Comprido, no final
da noite de segunda-feira (10). Outras três mortes
aconteceram em Mauá, de acordo com os bombeiros, sendo
uma de um adolescente de 16 anos, no Jardim Zaíra, e
outra vítima no Jardim Rosina.
Já em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, os
bombeiros contabilizam uma morte por afogamento, mas não
foram dados detalhes sobre a vítima.
TRANSTORNOS
Devido à chuva e aos alagamentos, a prefeitura
suspendeu o rodízio de veículos em São Paulo nesta
terça-feira. Com isso, veículos com placas finais 3 e 4
ficam livres para circular sem restrição no centro
expandido da cidade.
O temporal também prejudicou voos no aeroporto Campo
de Marte (zona norte). De acordo com a Infraero (estatal
que administra os aeroportos), o terminal --que costuma
iniciar as operações às 6h-- abriu por volta das 7h10,
apenas para helicópteros. Ainda não há previsão para a
retomada das operações com aviões.
No Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo), na zona oeste, portões foram
fechados durante a madrugada como medida preventiva,
após o alagamento de parte das ruas do entreposto. A
reabertura ocorreu por volta das 9h30.
No terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo,
empresas de ônibus interromperam temporariamente a venda
de passagens em razão do alagamento causados pela chuva
na cidade.
Na Grande São Paulo, o grande volume de chuva fez com
que a represa Paiva Castro, entre as cidades de
Mairiporã e Franco da Rocha, atingisse o nível máximo de
segurança. Por conta disso, a Sabesp determinou o
aumento da vazão de água no local.
Também na região metropolitana, a circulação de trens
na linha 7- Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) da CPTM
(Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foi
normalizada às 9h, após um alagamento interromper o
tráfego entre Caieiras e Franco da Rocha, durante a
madrugada.
ALAGAMENTOS
Devido aos alagamentos, o trânsito ficou ruim em São
Paulo, e muita gente enfrentou dificuldade para chegar
ao trabalho. A zona norte foi uma das regiões mais
afetadas.
Também foram registrados problemas em estradas
--devido a alagamentos, deslizamentos de terra ou como
reflexo do trânsito ruim na cidade.
Dos 125 alagamentos registrados pelo CGE em São Paulo
desde ontem, 37 ainda ocupavam vias no começo da manhã,
e parte impedia a passagem dos veículos. Por volta das
12h40, o órgão registrava três pontos:
- rua Romão Gomes, altura da avenida Valdemar
Ferreira, sentido único;
- rua Bernardo Saião, ambos os sentidos;
- rua Solimões, com a Luis Alves de Siqueira, ambos os
sentidos.
Ontem à noite, toda a cidade ficou em estado de
atenção para alagamentos. Algumas regiões foram
colocadas em estado de alerta devido ao transbordamento
de rios e córregos: o primeiro rio a transbordar foi o
Cabuçu de Baixo, no Guaraú (zona norte). Com a enchente,
o CGE colocou as regiões das subprefeituras da Freguesia
do Ó e da Casa Verde em estado de alerta às 22h40.
Em seguida, transbordaram os córregos Morro do S (na
zona sul) e Jaguaré (zona oeste) --a região da
subprefeitura do M'Boi Mirim entrou em alerta às 23h30 e
a do Butantã, às 23h50. Por volta da 0h, o córrego do
Limão transbordou na altura da Lapa (zona oeste). Já o
rio Tietê transbordou em três pontos: à 0h10 na região
da Penha (zona leste), à 0h40 na altura da ponte do
Piqueri, na zona oeste, e à 0h50 no Anhembi (centro). Já
o rio Pinheiros transbordou na altura da ponte Cidade
Universitária por volta da 1h10. Fonte