Assange promete mais
revelações dos EUA
O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange,
disse nesta terça-feira que vai ampliar o ritmo da
publicação de documentos secretos, prometendo mais
revelações entre os 250 mil documentos diplomáticos dos
Estados Unidos e outros vazamentos.
Assange, 39, deu uma breve declaração aos repórteres
do lado de fora da Corte do Magistrado Belmarsh, em
Londres (Reino Unido), onde participou de uma audiência
sobre sua extradição à Suécia por casos de abuso sexual
e estupro.
Diferentemente das primeiras aparições, Assange foi
extremamente sucinto e não aceitou perguntas dos
jornalistas.
"Nós estamos ampliando a publicação de material
ligado ao Cablegate [como é conhecido o vazamento dos
documentos diplomáticos] e outros materiais. Estes
acontecerão logo através de nossos jornais parceiros ao
redor do mundo --grandes e pequenos jornais e algumas
organizações de direitos humanos", disse Assange, sem
dar mais detalhes.
Em seguida, ele retornou à corte com seu advogado,
Mark Stephens.
WikiLeaks causou comoção internacional com a
publicação de milhares de telegramas americanos, que
revelam os bastidores da diplomacia da maior potência do
mundo e comentários rudes sobre líderes internacionais.
O site fez acordo com cinco jornais estrangeiros, "The
New York Times", "The Guardian", "Der Spiegel", "Le
Monde" e "El Pais", aos quais entregou todo o conteúdo.
No Brasil, a Folha de S.Paulo e "O Globo"
obtiveram acordo para receber com antecedência o
material sobre o país.
O fluxo de publicação caiu nas últimas semanas,
devido a ataques online, dificuldades financeiras e o
processo judicial sueco que deixou Assange em prisão
domiciliar. Até o fechamento da reportagem, apenas 2017
documentos foram disponibilizados no
site oficial.
AUDIÊNCIA
A audiência tratará em grande parte de procedimentos,
estabelecendo as condições para uma segunda audiência de
extradição prevista para os dias 7 e 8 de fevereiro, e
lidar com outros aspectos do caso.
Um juiz de alta instância libertou Assange sob fiança
de 240 mil libras em 14 de dezembro, nove dias depois de
sua detenção. Assange está, desde então, em prisão
domiciliar em uma mansão em Norfolk-Suffolk, de
propriedade de Vaughan Smith, ex-capitão do Exército e
fundador do Frontline Club para jornalistas em Londres.
Suécia quer a extradição de Assange para enfrentar
alegações de estupro, molestação e coerção, feita por
duas mulheres. Uma delas alega que Assange manteve
relações sexuais com ela sem usar preservativo, apesar
de seu desejo expresso para que a proteção fosse
utilizada. A segunda acusa o fundador do WikiLeaks de
ter feito sexo, em 17 de agosto, sem camisinha e
enquanto ela dormia em sua casa em Estocolmo.
Assange admite ter mantido relações consensuais com
ambas as mulheres, mas nega qualquer crime e diz que as
alegações são parte de uma estratégia para prejudicar o
trabalho do site que, atualmente, vaza 250 mil
documentos diplomáticos americanos.
Com um terno azul marinho e gravata azul, Assange
posou para fotógrafos ao lado de seu advogado, mas
entrou na corte sem dizer uma palavra.
Mais cedo nesta terça-feira, sua organização divulgou
um comunicado condenando as ameaças de morte feitas
contra o australiano, relacionando seu caso e o da
congressista democrata Gabrielle Giffords, que foi
baleada na cabeça em um massacre no Arizona que
desencadeou um debate nacional sobre o tom dos discursos
políticos nos EUA.
As autoridades americanas ainda estão trabalhando na
construção de um processo contra a WikiLeaks, que já
vazara centenas de milhares de arquivos secretos de
inteligência dos EUA sobre as guerras no Iraque e
Afeganistão. A defesa de Assange teme que a extradição à
Suécia leve a uma posterior extradição aos EUA. Fonte
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