Durante verão, o calor combinado com uma
alimentação mais desregrada aumenta os casos de cálculo
renal em 33% de acordo com a Secretaria Estadual da
Saúde de São Paulo, saltando de 1200 casos para 1600 nos
meses quentes. Esse número é alarmante principalmente
para o sexo masculino, que é mais afetado por esse
problema.
"Qualquer pessoa pode ter uma crise provocada por
cálculos renais, mas existem pessoas que já estão
predispostas geneticamente a ter esse problema. Algumas
pessoas têm distúrbios na hora de absorver minerais no
intestino, o que facilita o acúmulo desses nutrientes nos
rins", diz o urologista Roberto Eid Maluf, do Hospital Santa
Cruz. Conheça quais são os principais vilões da estação que
favorecem a formação das pedrinhas.
Calor e hidratação
O cálculo renal tem mais facilidade em se formar no
clima quente. Mas, por que isso acontece? De acordo
com o urologista Roberto Eid Maluf, é mais comum
sofrer com pedras no rim nessa época devido ao maior
índice de transpiração que ocorre durante os dias
com temperatura elevada, deixando a urina mais
concentrada e cheia de sais minerais. "Nessas
condições, o rim tem mais dificuldade de trabalhar,
o que pode levar a formação de cálculos", diz o
urologista.
A hidratação é a principal maneira de se proteger da
formação de um cálculo no rim. Quanto mais água
bebermos, mais o nosso sangue circulará e ficará
diluído, facilitando o trabalho dos rins na hora de
excretar nutrientes que não são mais necessários em
nosso organismo.
Segundo o
especialista, a ingestão de líquidos fica muito
abaixo do esperado durante todo o ano, mas os
problemas acabam aparecendo apenas no verão. "Muitas
pessoas passam o dia inteiro sem tomar água sem
saber como isso prejudica os nossos rins e aumenta
as chances de cálculos renais".
Para saber a quantidade de água indicada para ser
consumida basta multiplicar o seu peso corporal por
0,03. Assim, uma pessoa com 70 quilos, por exemplo,
deve tomar aproximadamente 2,1 litros de líquido por
dia. Pode ser água, chá, água de coco, sucos e tudo
que hidrate e refresque.
Álcool, o inimigo
Uma das cenas mais comuns no calor é ver alguém
pedir uma cerveja gelada. Mas, depois da sensação
refrescante do líquido descendo pela garganta,
qualquer tipo de bebida alcoólica passa a desidratar
o nosso organismo. "O álcool é o grande vilão do
verão, pois dá a impressão de matar a sede, mas na
verdade está nos deixando cada vez mais
desidratados."
Além disso, o álcool inibe um hormônio antidiurético
produzido pelo organismo, chamado vasopressina. Esse
hormônio faz o corpo reabsorver certa quantidade de
água existente na urina, impedindo a desidratação.
"Com o álcool na corrente sanguínea, toda a água que
seria reaproveitada é excretada, facilitando a
formação de microcristais nos rins", diz Roberto
Maluf.
Cuidado com o sal
Os alimentos que consumimos têm papel fundamental
para a saúde de nossos rins durante o verão. "O
número de pessoas que sofrem com pedras no rim é
maior em países desenvolvidos, onde a alimentação é
mais rica em proteínas e sal", explica o urologista.
Refeições como churrasco, feijoada e os famosos
petiscos dos bares, como o camarão e o pastel, que
são mais consumidos durante as férias de verão, são
bastante nocivas aos rins, já que tem excesso tanto
de sal como de proteínas. "As pessoas devem ter
consciência de que comer feijoada e churrasco com
muita frequência nunca fará bem ao nosso corpo", diz
o especialista.
O sódio contido no sal impede a absorção de cálcio
pelo organismo. Como é desse mineral que são
formados 70% dos cálculos renais, a ingestão de
sódio contribui muito para a formação dos cálculos.
As proteínas facilitam o acúmulo de ácido úrico nos
rins, que corresponde a 10% dos casos de pedras no
rim. Escarola, espinafre, chás preto e chá mate,
além de chocolate também agem negativamente para a
formação de cálculos, pois possuem fosfato. Quem já
tem tendência deve evitar.
Do outro lado da balança, estão o suco de limão e o
suco de laranja, que além de hidratar, possuem
citrato, uma substância que inibe a formação de
cálculos renais.
Derrube os mitos
Há algum tempo atrás, uma dieta pobre em cálcio era
aconselhada para todas as pessoas que tinham
predisposição a ter cálculos renais. Mas quem
continua acreditando nisso, pode estar piorando
ainda mais o problema. "Novos estudos mostram que
consumir alimentos ricos em cálcio não age
diretamente na formação de cálculos. Na verdade, não
se sabe exatamente por que, mas o cálcio protege os
rins de problemas", diz o urologista Roberto Maluf.
Outro componente que antes era inimigo da dieta e
agora passou para o lado dos aliados da saúde dos
rins é o tomate. Os médicos achavam que o oxilato de
cálcio contido nas sementes dessa fruta poderiam
contribuir para a formação de pedras nos rins. Mas
recentes estudos mostraram que as sementes de tomate
só tem 1% dessa substância, o que não é o bastante
para provocar malefícios aos rins. Além disso, o
tomate possui quantidades significantes de citrato,
mesma substância encontrada nos frutos cítricos, que
impede a formação de pedras. Fonte