Tombini defende meta de
inflação menor
BRASÍLIA (Reuters) - O novo presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini, voltou a defender nesta
segunda-feira a redução da meta de inflação do Brasil no
futuro e afirmou, ao tomar posse, que a autoridade
monetária adotará, se necessário, medidas para evitar a
formação de bolhas no crédito imobiliário.
Os comentários mais contundentes em relação a
possíveis ações adicionais do BC no curto prazo,
contudo, ficaram por conta de seu antecessor Henrique
Meirelles. Em discurso de transmissão de cargo, ele
afirmou que o cenário econômico pode demandar elevação
da taxa básica de juros.
"O fato de que as projeções indicam a inflação acima
da média para 2011 não é sinal de qualquer crise, apenas
que as ações de política monetária podem continuar a ser
recomendadas", afirmou Meirelles, que está deixando o BC
após oito anos na presidência da instituição.
"Elevações da Selic, portanto, não devem ser motivo
de alarido. Os períodos de crise recorrentes foram
superados no Brasil, ciclos, no entanto, são inerentes
ao processo econômico."
A taxa básica de juros está atualmente em 10,75 por
cento ao ano, mas o Comitê de Política Monetária já deu
sinais claros de que deve elevar a Selic em sua primeira
reunião do ano nos dias 18 e 19 deste mês.
Em seu discurso de posse, Tombini afirmou que a
política macroeconômica, combinada ao contínuo
aperfeiçoamento do marco regulatório do país, criará as
condições necessárias para a redução da meta
inflacionária, atualmente em 4,5 por cento, para níveis
semelhantes aos observados nas principais economias
emergentes.
"Esse é um processo que devemos ter a ambição de
discutir no futuro", afirmou, reforçando argumento já
defendido por ele durante sua sabatina na Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado em dezembro.
BOLHA IMOBILIÁRIA?
Tombini alertou, ainda, para a importância de o
crescimento do crédito imobiliário no país ocorrer sem a
formação de bolhas, e afirmou que o BC está pronto para
adotar eventuais medidas preventivas se necessário.
Ele destacou que a expectativa é que o crédito
pessoal cresça a taxas menores do que a verificada nos
últimos anos e que o crédito imobiliário, cuja
participação ainda é pequena em relação ao tamanho da
economia, ganhe fôlego.
"É importante que esse crescimento ocorra com
qualidade, e não se transforme em uma bolha de crédito
como as observadas em outros países com consequências
desastrosas para a economia e para a sociedade", afirmou
Tombini.
"O Banco Central monitora diariamente o
desenvolvimento do mercado de crédito. Sempre que
necessário adota e adotará medidas preventivas, de
natureza macroprudencial, para corrigir falhas
prudenciais e promover o aperfeiçoamento dos intrumentos
de regulação existentes."
Em um determinado momento de seu discurso, Meirelles
pediu mais água após se engasgar. Tombini levantou-se e
levou pessoalmente um copo de água para Meirelles, que
destacou, brincando, o "senso de equipe do BC".Fonte
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