A CURA DO ENVELHECIMENTO
LONDRES (Reuters) - Se as previsões de Aubrey de Grey
estiverem certas, a primeira pessoa a comemorar seu
aniversário de 150 anos já nasceu. E a primeira pessoa a
viver até os mil anos pode demorar menos de 20 anos para
nascer.
Biomédico gerontologista e cientista-chefe de uma
fundação dedicada a pesquisas da longevidade, De Grey
calcula que, ainda durante a sua vida, os médicos
poderão ter à mão todas as ferramentas necessárias para
"curar" o envelhecimento -- extirpando as doenças
decorrentes da idade e prolongando a vida
indefinidamente.
"Eu diria que temos uma chance de 50 por cento de
colocar o envelhecimento sob aquilo que eu chamaria de
nível decisivo de controle médico dentro de mais ou
menos 25 anos", disse De Grey numa entrevista antes de
proferir uma palestra no Britain's Royal Institution,
uma academia britânica de ciências.
"E por 'decisivo' quero dizer o mesmo tipo de
controle médico que temos sobre a maioria das doenças
infecciosas hoje", acrescentou.
De Grey antevê uma época em que as pessoas irão ao
médico para uma "manutenção" regular, o que incluiria
terapias genéticas, terapias com células-tronco,
estimulação imunológica e várias outras técnicas
avançadas.
Ele descreve o envelhecimento como o acúmulo de
vários danos moleculares e celulares no organismo. "A
ideia é adotar o que se poderia chamar de geriatria
preventiva, em que você vai regularmente reparar o danos
molecular e celular antes que ele chegue ao nível de
abundância que é patogênico", explicou o cientista,
cofundador da Fundação Sens (sigla de "Estratégias para
a Senilitude Programada Desprezível"), com sede na
Califórnia.
Não se sabe exatamente como a expectativa de vida vai
se comportar no futuro, mas a tendência é clara.
Atualmente, ela cresce aproximadamente três meses por
ano, e especialistas preveem que haverá um milhão de
pessoas centenárias no mundo até 2030.
Só no
Japão já há mais de 44 mil centenários, e a
pessoa mais longeva já registrada no mundo foi até os
122 anos.
Mas alguns pesquisadores argumentam que a epidemia de
obesidade, espalhando-se agora dos países desenvolvidos
para o mundo em desenvolvimento, poderá afetar a
tendência de longevidade.
As ideias de De Grey podem parecer ambiciosas demais,
mas em 2005 o MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts) ofereceu um prêmio de 20 mil dólares para
qualquer biólogo molecular que provasse que as teorias
da Fundação Sens são "tão erradas que nem são dignas de
um debate bem informado". Ninguém levou a bolada.
O prêmio foi instituído depois que um grupo de nove
cientistas influentes atacou as teorias de Grey,
qualificando-as de "pseudociência". Os jurados
concluíram que o rótulo não era justo, e argumentaram
que o Sens "existe em um meio termo de ideias ainda não
testadas que algumas pessoas podem considerar
intrigantes, mas das quais outras estão livres para
duvidar." Fonte
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