EX-GENERAL SERVIO-BOSNIO
RATKO MLADIC TEM CÂNCER LINFATICO
O advogado do ex-general sérvio-bósnio Ratko Mladic
disse nesta quinta-feira ter um documento provando que o
suspeito de crimes de guerra está enfrentando um câncer
linfático e que foi tratado em um hospital da Sérvia em
2009.
Milos Saljic disse que Mladic foi
diagnosticado com câncer nos nódulos linfáticos e passou por
uma cirurgia e quimioterapia em 2009. Ele mostrou à agência
de notícias Associated Press uma suposta cópia do
diagnóstico, que diz que Mladic esteve internado entre 20 de
abril e 18 de julho de 2009. O documento foi rasurado para
esconder o nome do hospital e dos médicos que o atenderam.
No topo do certificado médico, aparece o nome de
Mladic, seu local e data de nascimento, o nome de seu
pai e o cargo de general. O resto do documento se refere
a ele apenas como "paciente".
O ministro de Defesa da Sérvia, Dragan Sutanovac,
acusou Saljic de "manipular o público" e disse estar
cético sobre a doença do ex-general. "Eu realmente não
acredito nesta história, mas nós investigaremos", disse.
Após sua chegada na terça-feira à prisão de
Scheveningen (perto de Haia), Mladic passou por um exame
médico, como estabelece o regulamento da penitenciária.
A família e o advogado de Mladic alegaram a saúde
frágil do ex-general para tentar evitar a extradição. Na
terça-feira, contudo, a Justiça sérvia rejeitou o
recurso e aprovou sua viagem a Haia.
O mau estado de saúde do sérvio-bósnio de 69 anos
poderia ser um dos eixos principais da defesa para
atrasar o início do julgamento. O TPI disse, contudo,
que está preparado para dar todo o tratamento médico
necessário a Mladic e garantir o julgamento.
MESES
Mladic comparecerá pela primeira vez diante do
Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia na
próxima sexta-feira (3) para ouvir 11 acusações, entre
elas genocídio, extermínio, assassinato, deportação,
atos desumanos, atos de violência, ataques ilegais e
sequestro, crimes contra a humanidade e crimes de
guerra.
Mladic, que liderou o Exército sérvio-bósnio durante
a Guerra da Bósnia (1992-95), responde pelo massacre de
Srebrenica (1995), em que mais de 8.000 muçulmanos foram
assassinados, e o cerco de 43 meses a Sarajevo, a
capital da Bósnia. Se condenado, Mladic pode receber
sentença de prisão perpétua, uma vez que não existe pena
de morte.
Na audiência de sexta, que ocorre às 10h (5h de
Brasília) na sala 1 do tribunal, Mladic poderá
declarar-se culpado ou inocente. Caso ele se negue a
depor, os juízes marcarão outra data com a mesma
finalidade em um prazo de 30 dias.
"Levará alguns meses antes que o julgamento comece
porque precisamos que as duas partes se preparem",
afirmou à AFP Frédérick Swinnen, conselheiro especial do
promotor do TPI para a antiga Iugoslávia, que ressaltou
a complexidade do caso.
O julgamento de Karadzic, por exemplo, acusado dos
mesmos crimes de Ratko Mladic, começou em outubro de
2009, ou seja, 15 meses depois de sua detenção em
Belgrado no mês de julho de 2008.
Durante o primeiro comparecimento também ficará claro
se o acusado contará com um advogado defensor ou se ao
contrário optará por conduzir a própria defesa, como fez
o ex-líder político sérvio-bósnio Radovan Karadzic. Fonte
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