BBC MOSTRA SUÍCIDIO
ASSISTIDO EM DOCUMENTÁRIO
O escritor britânico Terry Pratchett, que produziu o
documentário "Choosing to Die" ("Escolhendo morrer", em
tradução livre) sobre suicídio assistido, defendeu a
legalização da prática e a realização de um debate sobre
o tema no Reino Unido.
O documentário, transmitido nesta segunda-feira em um
canal doméstico da BBC britânica, vem causando grande
polêmica no país por mostrar o momento da morte do
milionário britânico Peter Smedley, que se internou em
uma clínica suíça especializada em suicídio assistido, a
Dignitas.
Pratchett, conhecido pela série de livros de fantasia
Discworld, foi diagnosticado com o mal de Alzheimer em
2008 e é ativista pela legalização suicídio assistido no
Reino Unido.
Durante as filmagens do documentário, o escritor, de
62 anos, disse que "acredita firmemente no suicídio
assistido" e que gostaria de saber se poderá pôr fim a
sua própria vida antes de ser dominado pela doença
degenerativa.
"Eu gostaria de ver no Reino Unido uma análise dos
métodos de suicídio assistido para que possamos
considerar o que é melhor e mais apropriado para os
britânicos", disse Pratchett.
A organização Care Not Killing, que realiza campanhas
contra a prática no país, acusou a BBC de agir como
"líder da torcida pela legalização do suicídio
assistido" por transmitir o documentário.
"RAIVA"
Smedley, de 71 anos, optou pelo suicídio assistido
algum tempo depois de ter sido diagnosticado com um tipo
de Doença do Neurônio Motor, que provoca paralisia
muscular.
Sua esposa o acompanhou durante o procedimento, que
também foi filmado por uma equipe da BBC na clínica
suíça com o consentimento do casal.
Em entrevista à revista britânica Radio Times,
Pratchett disse que se emocionou durante os últimos
momentos de Smedley e afirmou que não gostaria de morrer
na clínica suíça.
"O que mais me dá raiva é que tenho certeza de que se
Peter não tivesse que ir para a Dignitas, ele
provavelmente ainda estaria vivo. Se houvesse algum
lugar na Inglaterra para onde ele pudesse ir, quando (a
doença) se tornasse demais para ele."
Um dos argumentos para a legalização do suicídio
assistido é o fato de que boa parte dos pacientes que
sofrem de doenças terminais precisam viajar para
realizar a prática quando ainda estão física e
mentalmente capazes.
COGITANDO O SUICÍDIO
O escritor é um dos patrocinadores da organização
Dignity in Dying, que faz campanhas pela mudança na lei
sobre o procedimento para adultos portadores de doenças
terminais, mas mentalmente capazes.
Já a Care Not Killing propõe a promoção de "mais e
melhores" cuidados paliativos, em vez da legalização do
suicídio assistido.
Clínicas na Suíça, onde a prática é legal há décadas,
recebem centenas de pessoas de outros países europeus,
principalmente da Alemanha e do Reino Unido, onde a
prática não é permitida.
"Eu acredito que todos os que possuem uma doença
debilitante e incurável deveriam ter a permissão de
escolher o momento de sua morte. E eu gostaria de saber
sobre a Dignitas, caso queira ir para lá", disse
Pratchett.
Segundo o jornal britânico "The Telegraph", o
escritor já teria recebido os formulários para realizar
o procedimento na clínica, mas ainda não teria decidido
se vai para lá. Fonte
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