DANADOS OS NÚCLEOS DE TRÊS
REATORES DE FUKUSHIMA
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
confirmou nesta quarta-feira que houve danos nos núcleos
dos reatores 1, 2 e 3 do complexo de Fukushima Daiichi,
no Japão. A agência não detalhou a gravidade dos danos,
mas afirmou que não se pode dizer ainda que a situação
esteja "fora de controle".
"A situação evoluiu e é muito séria", disse,
em Viena, Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. Ele afirmou
que a empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power
Co., "está fazendo o máximo para restaurar a segurança dos
reatores".
Amano deve viajar nesta quinta-feira ao Japão para
avaliar a situação na usina pessoalmente.
O governo japonês não confirmou a informação.
Depois de registrar novas explosões no reator 2 e um
incêndio no reator 4, a Tokyo Electric Power Co. disse
nesta quarta-feira apenas que o reator número 3 é a
"prioridade" do dia. A empresa não confirmou, contudo,
se houve danos no reator e nem deu mais detalhes.
A preocupação, contudo, é que o reator 3 é o único da
usina que usa plutônio como combustível. Segundo
pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito
tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na
corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula
óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer.
O porta-voz do governo do Japão, Yukio Edano, afirmou
que as autoridades registraram fumaça saindo deste
reator aproximadamente às 8h30 desta quarta-feira (20h30
de terça-feira em Brasília), demonstrando que há
liberação de vapor da câmara de contenção (uma evidência
de danos no reator).
A situação parece nesta quarta-feira mais estável nos
outros dois reatores, sem notícias de novo aumento de
pressão ou explosões. Nesta terça-feira, a agência de
segurança nuclear japonesa informou que 70% das varetas
de combustível do reator 1 podem ter sido danificadas.
Já no reator 2, 33% das varetas de combustível estariam
com problemas.
Apesar de não ser citado pela AIEA, a situação é
grave também no reator número 4, onde um segundo
incêndio começou na terça-feira. A Tokyo Electric Power
Co. disse apenas que a situação não era "tão boa" neste
reator.
A empresa ressaltou ainda que há água sendo lançada
nos reatores 5 e 6 --uma medida preventiva contra
superaquecimento e o que indicaria que os seis reatores
do complexo estão agora sob possibilidade de
superaquecimento.
CONTENÇÃO
Para tentar conter o superaquecimento nos reatores 3
e 4, as autoridades japonesas estão apelando para jatos
d'água --normalmente empregados contra motins e
manifestações.
Eles esperam conseguir resfriar o combustível nuclear
no reator 3, diminuindo a temperatura e consequentemente
a pressão do vapor.
O novo recurso será utilizado depois do fracasso da
tentativa de jogar água no reator através de um
helicóptero militar. A aeronave partiu nesta
quarta-feira da vizinha cidade de Sendai para jogar água
do mar e resfriar o combustível que ameaça entrar em
fusão.
No entanto, os elevados níveis de radioatividade
detectados nessa zona levaram a abortar a operação de
última hora, informou a televisão nacional NHK, que
citou fontes do Ministério da Defesa.
Os responsáveis pela operação já tinham advertido que
jogar água do mar era uma ação delicada, já que o
helicóptero não pode permanecer muito tempo sobre o
reator por causa da elevada radioatividade e deve lançar
a água passando várias vezes sobre o mesmo.
Especialistas nucleares dizem que as táticas
aparentemente improvisadas mostram a extensão dos danos
na usina e o desespero das autoridades para conter a
crise. "Isto é um pesadelo em câmera lenta", disse o
físico Thomas Neff, do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT).
RISCO
Horas antes do alerta da AIEA, o porta-voz Edano
garantiu que a radiação emitida pelos reatores da
central nuclear de Fukushima Daiichi não representa
perigo imediato para a saúde fora da zona que já foi
esvaziada, em um raio de 20 km ao seu redor.
Há ainda uma segunda faixa de alerta, entre 20 e 30
quilômetros da usina nuclear, onde estão centenas de
japoneses sob recomendação de que permaneçam em casa e
com as janelas fechadas, usem toalhas úmidas para
proteger o rosto e, caso tenham que sair, isolem as
roupas e tomem um bom banho.
"A radiação ao redor da central nuclear de Fukushima
está em um nível estável", afirmou o porta-voz do
governo do Japão.
Dentro do portão, onde estão apenas os trabalhadores
da Tokyo Electric Power Co., o nível de radiação foi
registrado em 1.500 microsieverts por hora perto do
portão de entrada da central. O nível de radiação normal
é de 0,035 microsievert por hora. Fonte
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