Dois anos antes do recente
terremoto seguido de tsunami que abalou o
Japão e ainda ameaça uma catástrofe nuclear,
um despacho da embaixada dos Estados Unidos em Tóquio
revelava descontentamento e preocupação de uma
importante figura política japonesa em relação à
política nuclear de seu país. Segundo o documento,
obtido pelo site WikiLeaks e
divulgado pelo jornal britânico Guardian,
o governo encobriria informações sobre acidentes
nucleares, além de ocultar os custos e problemas
associados a esse ramo da indústria.
O deputado Taro Kono, um dos principais líderes do
Partido Liberal-Democrata - que governou o país de 1995
a 2009 e, portanto, estava no poder no momento do
encontro -, mirou suas críticas na atuação do Ministério
de Economia, Comércio e Indústria, responsável pelo
setor nuclear no país, e nas companhias energéticas
japonesas. A conversa entre Kono e um grupo diplomático
americano teria ocorrido em outubro daquele ano, durante
um jantar, relatada em um texto assinado pelo embaixador
Thomas Schieffer.
No documento, Kono fazia forte oposição à estratégia
energética e nuclear japonesa, especialmente em relação
a questões como custos e segurança. Ele ainda teria
demonstrado preocupação com os resíduos de energia
nuclear coletados pelas empresas, já que o Japão não tem
nenhum local de armazenamento permanente dos resíduos de
alto nível. O deputado também acusou o ministério de
sonegar e selecionar informações do setor a serem
repassadas aos parlamentares de acordo com seu próprio
interesse.
A Agência Internacional para a Energia Atômica (AIEA)
também teria avisado o Japão de que as centrais
nucleares não estavam devidamente preparadas para a
ocorrência de sismos. Em dezembro de 2008, a organização
alertou que as regras de segurança das centrais
nucleares estavam ultrapassadas e que tremores fortes
poderiam ser um “sério problema”. Fonte