Como o iPad não realiza multitarefa (o que significa
que não é possível rodar vários aplicativos de terceiros
ao mesmo tempo), o novo design de "sistema em um chip" é
uma escolha ideal. O A4 se comporta mais como um trem de
alta velocidade em uma pista única, que como um carro,
que pode ser usado no trânsito da cidade e em um
rodovia. Ele não foi desenvolvido para gerenciar de
forma inteligente multiplos aplicativos e cargas de
memória, mas a velocidade necessária para uma única
tarefa.
De acordo com Reynolds, a maioria do processamento de
dados é feito em um espaço fisicamente pequeno, o que
reduz o consumo de energia e aumenta o desempenho. “Os
caminhos curtos e os periféricos integrados compensam o
desempenho do processador ARM. Junte isso com um
software otimizado da Apple e você sente a rápida
resposta do aparelho”, diz.
O analista também explica que as baterias do
equipamento, que são relativamente grandes, são capazes
de dissipar melhor o calor do que baterias menores. Isso
permite que a Apple use um processador que gere mais
calor e seja mais rápido, sem causar superaquecimento da
bateria. Testes preliminares mostraram que o iPad é
capaz de executar aplicativos próprios duas vezes mais
rápido que o iPhone 3GS.
Enquanto o processador A4 é construído para usar
menos energia, o chip é rápido o suficiente para a
maioria das tarefas porque é ARM e usa uma arquitetura
multibus, segundo o engenheiro Stephen Lingle, da
Product Development Technologies (PDT), uma empresa de
desenvolvimento e design de produtos tecnológicos.
Outra vantagem do ARM é a capacidade de entrar em
modo de espera em uma fração de segundo para economizar
energia. Por outro lado, um típico processador Intel
Core i5 ou i7, é voltado para bombear inúmeros cálculos
simultâneos, como para o processamento de planilhas ou
polígonos que formam imagens em um jogo. Um processador
de computador não entra em modo de espera tão
rapidamente.
Ângulo de visão extremo
A tela do iPad tem resolução de 1024 por 768 pixels,
retroiluminada por LED, com tecnologia IPS (In-Plane
Switching), que permite um ângulo de visão de 178 graus,
com imagens nítidas e brilhantes - como se estivesse
sendo visto de frente. Isso é possível porque os
equipamento com IPS emitem mais luz através dos cristais
líquidos e em mais direções do que outros LCDs.
Segundo o gerente de produtos da NEC, Art Marshall, o
caminho da luz que por filtros de cor do painel IPS faz
a diferença. “Se você está olhando para um painel LCD
IPS deitado de lado, os cristais líquidos são alinhados
horizontalmente e há muito pouca distorção de luz que
passa pelos filtros de cor”, explica.
O ângulo de visão amplo torna o iPad adequado para
navegar na Internet com um amigo ou ler um livro deitado
no sofá, por exemplo.
Bateria de longa duração
Por que a bateria do iPad pode durar 10 horas ou
mais? Esse vem sendo o mistério discutido nas últimas
semanas.
A bateria do iPad é feita com polímero de lítio, que
é um material químico mais moldável que os íons de
lítio, mais utilizado em baterias de notebooks. Com uma
bateria de polímero, a Apple pode moldar a bateria em
torno do tablet. Ela é maior e pode guardar mais íons
para recarga.
“Todas as baterias de lítio funcionam com o movimento
dos íons para traz e para frente entre os eletrodos”,
conta o CEO da Power Porous Technologies, Tim Feaver,
empresa fabricante de baterias de lítio."
Os eletrodos são separados entre si por uma via que
permite o fluxo livre de íons para traz e para frente,
diz Feaver. Com uma bateria de polímero, os eletrólitos
liquidos orgânicos são absorvidos na química de
polímeros para formar um gel. Este gel é o que torna o
polímero moldável e cria uma bateria maior do que
outras. A bateria dura mais porque há mais espaço para
os produtos químicos utilizados no carregamento.
Existe um pólo positivo e um negativo, onde os
elétrons saltam de um lado para o outro para formar uma
carga. Quando o produto químico recebe a energia
elétrica, o fluxo de elétrons é gerado através desse
circuito – justamente por ser o caminho mais curto e
fácil. Para quem gosta de nomes complicados. O material
químico do polímero da bateria do iPad é provavelmente
óxido de polietileno ou acrilonitrila de polietileno.
Embed de áudio e vídeo
O CEO da Apple, Steve Jobs, já declarou antipatia com o
Adobe Flash, plataforma multimídia amplamente utilizada
em toda a rede de Internet. O iPhone não suporta Flash,
e nem o iPad. Em vez disso, o navegador Safari oferece
suporte ao HTML 5, a próxima versão (ainda em
desenvolvimento) do HTML básico.
David Stude, engenheiro de software da PDT, diz que o
HTML 5 também suporta gráficos vetoriais que podem ser
exibidos em escala maior (tela cheia) durante a
navegação na Internet, da mesma forma que uma tabela do
Microsoft Word pode alterar o tamanho, dependendo do
nível de zoom.
As linguagens Flash e Silverlight, da Microsoft,
exigem que o próprio programador escreva as linhas de
programação, enquanto que o HTML 5 reúne um rico grupo
de códigos que qualquer pessoa pode usar.
Naturalmente, a falta de suporte do Flash no iPad
poderá gerar prejuízos para os usuários. A maioria dos
elementos interativos na Internet, hoje, são construídos
em Flash, o que significa que não funcionarão no tablet
da Apple.
Mas Jobs e tantos outros estão confiantes de que,
conforme o HTML 5 vai amadurecendo, mais desenvolvedores
devem criar aplicativos para web usando HTML 5. Dessa
forma, a Apple oferece em seu site uma pequena
lista com sites “amigos” que estão adaptados ao HTML
5 e, consequentemente, ao iPad.
A Apple gosta de usar a palavra “mágica” para
descrever seus produtos, e você pode sentir isso. Mas o
que parece mágica é explicado com pura ciência.
John Brandon é um veterano da industria de
computação, trabalhou como gerente de TI por 10 anos e
como jornalista de tecnologia por mais 10. Já escreveu
mais de 2.500 artigos e é contribuinte da Computerworld
norte-americana, parceira de conteúdo da
Macworld.