Lula ataca ação dos EUA no
Oriente Médio
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse nesta segunda-feira que não acredita
em um acordo de paz no Oriente Médio enquanto o
principal mediador forem os Estados Unidos.
"Estou convencido que não haverá paz no Oriente Médio
enquanto os Estados Unidos forem o tutor da paz",
discursou Lula durante encontro de final de ano de
oficiais das Forças Armadas, em Brasília.
"É preciso envolver outros agentes, outros países
para poder negociar a questão da paz no Oriente Médio.
Não é uma questão dos Estados Unidos", disse.
Os EUA tentam mediar um acordo entre Israel e
palestinos que até agora não surtiu efeito.
Lula tem defendido um papel mais atuante do Brasil no
processo de pacificação do Oriente Médio. Em maio,
visitou o Irã para tentar mediar um acordo em relação ao
programa nuclear da República Islâmica.
O Ocidente suspeita que o programa de Teerã visa
desenvolver armas nucleares, mas o governo iraniano
afirma que o objetivo é a obtenção de energia.
O presidente lembrou que a conversa com seu colega
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, levou em conta os termos
de uma carta enviada a ele pelo presidente
norte-americano, Barack Obama, dez dias antes de sua
visita a Teerã.
"Antes de viajar, nós recebemos uma carta do
presidente Obama que colocava algumas condições (para um
acordo internacional)", disse Lula.
"O presidente Ahmadinejad aceitou exatamente o termo
que levamos e por isso assinou que estava disposto a
sentar na mesa na comissão em Genebra", declarou.
O Brasil e a Turquia tentaram mediar um acordo de
troca de combustível nuclear com o Irã, para evitar a
imposição de sanções ao país. No entanto, o acordo não
impediu que as potências ocidentais seguissem
pressionando por novas sanções ao país.
Lula argumentou que o único motivo para que o acordo
não fosse aceito pela comunidade internacional é porque
Brasil e Turquia estariam interferindo em um assunto que
não caberia a países emergentes.
"Mesmo assim, os países do Conselho de Segurança (da
ONU) resolveram punir o Irã. Por que? A única explicação
é que era preciso punir o Irã porque o Brasil e a
Turquia tinham se metido numa seara que não era a de
país considerado emergente", afirmou.
"O que o Ahmadinejad assinou é exatamente aquilo que
o presidente Obama colocou para nós dez dias antes de a
gente viajar para o Irã", declarou.
Fonte |