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Facebook e Google disputam valores e cliques

São Paulo, 08 (AE) - Se o Facebook entrou 2009 disputando espaço com o Twitter, em 2010, começou a brigar de frente com o gigante Google. Há duas semanas, a empresa de Mark Zuckerberg foi estimada em US$ 50 bilhões, cifra superior a um quarto do valor de marcado do Google.

Mas antes de disputarem valores, ambos disputam o tempo e os cliques das pessoas conectadas do mundo. O Facebook, sendo apenas uma rede social, conseguiu organizar a experiência social dos usuários, algo que o Google com seus vários produtos nunca conseguiu fazer com sucesso - o Wave e o Buzz não exemplos perfeitos disso.

David Kirkpatrick, autor do livro "O Efeito Facebook", acredita que o Facebook vem, há tempos, trazendo a internet cada vez mais para dentro de si e criando meios que incentivam as pessoas a compartilharem o que estão lendo. As funções sociais já provaram seu poder de alastrar um link pelo boca a boca online - é mais provável que um link seja clicado e reenviado se ele for indicado por algum conhecido.

Com isso, um usuário que clica no botão "Curtir" do Facebook e lança um conteúdo para dentro da rede social, pode passar a ser mais valioso - para os anunciantes e mensuradores de audiência - que quem faz buscas e clica nos resultados do Google. E isso pode pesar no bolso das duas empresas quando o modelo de negócio delas se baseia em grande parte em anúncios direcionados.

O Google já percebeu isso e investiu pesado nas áreas que acredita que serão as grandes concentradoras de usuários e capital no futuro: jogos sociais, plataforma social para o desenvolvimento de aplicativos e compras coletivas são bons exemplos. Eric Schmidt, seu CEO, já afirmou que o Google quer diversificar sua atuação e crê que a receita gerada por publicidade associada a buscas em celulares irá exceder a feita em PCs. Daí o foco na plataforma Android, em 2010.

Renê Fraga, fundador do blog Google Discovery, que cobre as notícias sobre a empresa desde 2006, diz que o Google tem um problema histórico de criar produtos e se perder entre eles, o próprio Schmidt admitiu isso em 2007. Fraga diz que essa tendência parece ter voltado em 2010 - houve o anúncio da Google TV e a promessa muitas vezes adiada do lançamento do Chrome OS, sistema operacional da companhia.

Mas, para o blogueiro, esse é modelo de trabalho do Google: comprar empresas que estão no topo das tendências e apostar nelas. "Às vezes tornam startups em grandes sucessos, como foi o caso do YouTube. Mas, muitas vezes, deixam passar ideias promissoras, como foi com o Foursquare", diz.

E 2010 termina sem que uma das grandes perguntas da briga Facebook versus Google tenha resposta: o Google vai lançar uma rede social para competir com o Facebook? A outra grande especulação - se o Facebook iria lançar um telefone para concorrer com Androids e iPhones - já foi respondida pelo próprio Zuckerberg: não. Segundo ele, o Facebook quer apenas criar uma camada social para os aplicativos.

A resposta do Google segue no mesmo caminho. Fraga acredita que a empresa não quer e nem deve tentar competir diretamente com o Facebook. O que falta para ele, que já possui muitos serviços consolidados e integrados é uma plataforma onde tudo isso seja registrado e fique organizado. "O Facebook ainda tem uma busca de conteúdo precária e não possui a gama de produtos do Google. Ainda há áreas em que ele pode cobrir a defasagem existente e se estruturar."

Nick O'Neill, criador do site All Facebook, vai além e, alegando não poder citar as suas fontes, diz saber que o Google não vai lançar uma rede social: "Eles estão trabalhando em um camada social que ajuda no gerenciamento da experiência social. Não se chama Google Me e não quer substituir o Facebook, mas complementar a experiência que ele dá ao usuário."

Kirkpatric conclui: "A guerra social entre o Facebook, possivelmente em uma aliança com a Microsoft, e o Google vai ajudar a definir a web da próxima década."

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