Filhos de Lula são sócios
em 2 holdings
Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís
e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas
holdings --sociedades criadas para administrar grupos de
empresas--, a LLCS Participações e a LLF Participações.
Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e
Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas.
A Folha constatou, porém, que apenas
uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de
funcionários.
Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões, e seu
capital registrado é de R$ 5,2 milhões. Ela tem como
sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%.
As demais cinco empresas não funcionam nos endereços
informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São
Paulo. São, por assim dizer, empreendimentos que ainda
não saíram do papel.
As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se
preparam para atuar nos ramos de entretenimento,
tecnologia da informação e promoção de eventos
esportivos.
São segmentos em alta na economia, que ganharam
impulso do governo federal --Lula, por exemplo, foi
padrinho das candidaturas vitoriosas do Brasil para
organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
SÓCIOS
Na maioria desses negócios, Lulinha e Luís Cláudio
têm como sócios pessoas próximas de Lula.
Um dos mais novos empreendimentos da dupla, a holding
LLCS, por exemplo, foi registrada no endereço da empresa
Bilmaker 600, na qual os dois não têm participação
societária.
A Bilmaker tem como controlador o engenheiro Glaucos
da Costamarques, 70, que é primo do pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula.
Os outros sócios da Bilmaker, Otavio Ramos e Fabio
Tsukamoto, são sócios de Luís Cláudio, filho do
presidente, na ZLT 500, empresa de produção e promoção
de eventos esportivos.
Assim como a holding, a ZLT também só existe no
papel. Está registrada num endereço no Morumbi onde há
só uma casa abandonada.
Criada em julho, a ZLT tem ainda como sócio José
Antonio Fragoas Zuffo, empresário da região do ABC.
Sócio na Bilmaker e na ZLT, Otávio Ramos disse à
Folha que não sabia que os filhos de Lula haviam
registrado uma empresa na sede da Bilmaker.
"Isso me preocupa. Vou ligar para eles. Não sabia nem
da existência dessa holding. Não sei nem do que se trata
nem quero saber", disse.
Ramos afirmou que a empresa não faz negócios com o
governo para não gerar especulações. "Somos amigos deles
e já iriam ver maldade." A Bilmaker, disse, é uma
empresa de exportação e importação de "qualquer coisa".
A outra holding criada pelos filhos de Lula neste
ano, a LLF, foi registrada no prédio da PlayTV, emissora
de jogos on-line.
Os programas da PlayTV só são veiculados na Sky, que
distribui o canal como cortesia, e pela OiTV. A PlayTV é
controlada pela Gamecorp, o maior dos empreendimentos de
Lulinha.
A Folha acompanhou um dia de programação e não viu
anúncios publicitários.
Inaugurada em dezembro de 2004, a Gamecorp recebeu
injeção de R$ 5 milhões da telefônica Telemar (hoje Oi),
num negócio investigado pela Polícia Federal há três
anos --sem resultados.
Quando se soube em 2006 que a Oi, então Telemar,
havia se associado à Gamecorp, o presidente Lula disse à
Folha que seu filho era o "Ronaldinho" dos negócios.
"Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo
que até muita gente ficou com inveja", afirmou. No final
de 2009, a empresa tinha capital negativo.
G4
Meses antes de a Gamecorp ser constituída, Fábio Luís
se tornou sócio da G4 Entretenimento e Tecnologia
Digital, tendo como parceiros filhos de um velho amigo
de Lula, Jacó Bittar, fundador do PT e ex-prefeito de
Campinas, hoje no PSB.
Foi por meio da G4 que Lulinha virou sócio de outra
empresa, a BR4 Participações, criada em 2004, e que,
três anos depois, ganhou como sócio Jonas Leite Filho,
sobrinho do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB).
Jonas Leite é conhecido pelo projeto que criou a
versão da Bíblia lida pelo apresentador Cid Moreira, da
TV Globo, um sucesso de vendas. A BR4 é, por sua vez,
acionista da Gamecorp.
OUTRO LADO
Lulinha disse à Folha que sua evolução patrimonial
nos últimos oito anos está de acordo com suas atividades
profissionais e com seus ganhos.
O mesmo afirmou o seu irmão Luís Cláudio. "É público
e notório: trabalho com futebol e tive o retorno
compatível com a minha atividade profissional em grandes
clubes do país, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e
Santos", afirmou.
Luís Cláudio disse que a LLCS foi registrada no
endereço de outra empresa porque o negócio está no
início.
"Ainda estou procurando um local definitivo para a
sede. Por ora, ela possui apenas um endereço de
referência, que poderá se tornar definitivo caso eu
consiga locar uma sala da Bilmaker, gerida por grandes
amigos meus."
Com relação à outra holding inaugurada pelos dois em
agosto deste ano, a LLF, Luís Cláudio disse que caberia
ao irmão responder, o que não foi feito.
Sobre outra empresa criada no papel, a ZLT 500 Sports,
Luís Cláudio disse que ela "irá atuar também no ramo
esportivo, mais especificamente, na área de gestão de
eventos esportivos".
Fonte
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