UE aprova plano de US$ 113
bi de ajuda à Irlanda
Os ministros das Finanças da UE (União Europeia)
aprovaram formalmente nesta terça-feira em Bruxelas o
plano de resgate financeiro para a Irlanda, que chegará
a 85 bilhões de euros (US$ 113 bilhões).
Os ministros aprovaram a decisão sobre a ajuda à Irlanda,
assim como suas condições, informaram fontes comunitárias.
A adoção do plano, financiado pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) e pela UE, aconteceu horas
antes do Parlamento irlandês examinar o projeto
orçamentário de 2011, marcado por medidas de austeridade
exigidas em contrapartida da ajuda.
A Irlanda enfrenta um deficit público, de 32% do PIB
(Produto Interno Bruto) previsto para 2010, e seu
sistema bancário se viu à beira do abismo com a crise
financeira mundial e a explosão da bolha imobiliária no
país.
Dublin se tornou assim o segundo governo da zona do
euro que pede a ajuda dos sócios e do FMI, depois que
Atenas recebeu um auxílio de 110 bilhões de euros em
maio.
MEDIDAS
O governo da Irlanda anunciou em 24 de novembro um
pacote de austeridade para os próximos quatro anos. A
ideia é convencer o mundo de que irá mesmo atacar seu
deficit público e honrar as dívidas.
O pacote é também uma exigência do FMI e da União
Europeia para conceder o empréstimo para o país
organizar seu caixa.
Para o irlandês, serão quatro anos difíceis. O
governo vai cortar 24.750 pessoas do serviço público (7%
do total), reduzir o salário mínimo e aumentar a idade
mínima para a aposentadoria.
Além disso, vai aumentar o imposto sobre o consumo,
criar um novo sobre os imóveis e cobrar Imposto de Renda
de mais pessoas.
Hoje, está isento do IR aquele que ganha até 18.300
por ano (R$ 42,5 mil). Com o pacote, passa a ser
tributado quem recebe 15.300 (R$ 35,5 mil). O total de
isentos (45% dos trabalhadores) cairá para 35%.
Também haverá cortes de benefícios e de gastos com
saúde e educação.
No dia 23 de novembro, a agência de avaliação de
risco financeiro S&P (Standard and Poor's) reduziu, em
um ponto, a nota da dívida da Irlanda, de AA- para A,
diante da possibilidade do governo irlandês pedir um
empréstimo maior que o estimado.
CONTÁGIO
A Irlanda é o segundo país (o primeiro foi a Grécia,
em maio) do bloco econômico a receber socorro para
estancar o rombo nas contas públicas. Há ainda
expectativas negativas em relação à Espanha e Portugal,
o que traz ao cenário uma grande possibilidade de
contágio econômico maior na zona do euro. A crise desses
quatro países, conhecidos como Pigs (pela inicial de
seus nomes em inglês e em oposição às economia
emergentes do Bric), têm como origem o descontrole do
setor financeiro e a falta de fiscalização dos bancos.
Basicamente, o rombo estatal é derivado da ajuda a
grandes bancos e de bolhas imobiliárias.
A crise da dívida pública afeta a maioria dos países
da zona do euro e os mercados temem que os resgates não
acabem por aqui, já que demonstram preocupação com a
capacidade de Portugal e Espanha de ajustar suas
finanças públicas.
A Hungria também está com sérios problemas
econômicos, mas não integra a zona do euro (não usa o
euro como moeda), como a Grécia e Irlanda e mais 14
países da Europa.
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