Depois de assumir seu vício em crack, o
advogado Ércio Quaresma Firpe, que defendia o goleiro
Bruno Fernandes de Souza no caso Eliza, foi substituído
pelo advogado paranaense Cláudio Dalledone, um dos três
defensores de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço
direito do goleiro e também réu no processo sobre o
sumiço da ex-amante do jogador.
Além de ser afastado, Quaresma será julgado pela Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), seção Minas Gerais. O
julgamento será em sigilo, no Tribunal de Ética e Disciplina
da entidade no próximo dia 30. Se for suspenso, Quaresma não
poderá exercer a função de advogado pelo prazo em que o
procedimento estiver sendo analisado. Segundo o presidente
da OAB-MG, Luis Cláudio da Silva Chaves, o período pode
variar de quatro a seis meses.
O advogado foi acusado por familiares e pela noiva de
Bruno, a dentista Ingrid Oliveira, de ameaças para que o
jogador não trocasse de defensor. Além disso, Quaresma
também assumiu ser viciado em crack e, na semana
passada, apareceu em um vídeo amador usando a droga em
uma boca-de-fumo de Belo Horizonte.
Durante todo a investigação sobre o desaparecimento
de Eliza e o julgamento sumário do caso - cuja sentença
ainda não foi proferida pela juíza Marixa Fabiane Lopes
-, o advogado ficou no centro de várias polêmicas por
causa de várias declarações.
Ele teve diversas discussões com os policiais
responsáveis pelas investigações e, nas audiências
judiciais, chegou a ser advertido por Marixa por dormir
e roncar no Tribunal do Júri do fórum de Contagem, na
região metropolitana da capital mineira, enquanto seu
cliente prestava depoimento. A família de Bruno,
inclusive, já teria procurado outro defensor para o
goleiro, apesar de a troca não ter sido realizada.
No dia 30, a OAB pode decidir pela suspensão
preventiva de Quaresma com base no parágrafo 3º do
artigo 70 do Estatuto do Advogado. O texto prevê o
afastamento em caso "de repercussão prejudicial à
dignidade da advocacia" e o julgamento será realizado
com ou sem a presença de Quaresma.
O estatuto determina também que o procedimento deve
ser concluído em no máximo 90 dias. A reportagem tentou
falar com Quaresma, mas ele não foi localizado. A
informação é de que ele estaria em Maceió (AL) para
acompanhar trabalhos do perito criminal George
Sanguinetti, contratado para auxiliar na defesa de Bruno
em uma investigação paralela à realizada pela polícia.