Policiais apreendem mais
armas e drogas no Complexo do Alemão
RIO - Cerca de 180 homens do Batalhão de
Operações Especiais (Bope) e 300 policiais civis estão
no Complexo do Alemão vasculhando cada casa e cada beco
em busca de traficantes, armas e drogas. Nesta
segunda-feira, duas pessoas foram presas. A polícia
apreendeu também cinco fuzis, 1 rifle, granadas,
carregadores de armas e coletes foram apreendidos. O
material estava num porão de uma casa e foi descoberto
com a ajuda de denúncias de moradores na região.
Foram localizados ainda 20 quilos de cocaína por
volta das 10h45m numa casa da favela da Grota, no
Complexo do Alemão. A droga estava guardada dentro de um
armário, onde também estava escondida uma peruca,
provavelmente para disfarce de traficantes. Também na
Grota, agentes encontraram cadernos de contabilidade do
tráfego.
O subchefe operacional da Polícia Civil, delegado
Rodrigo Oliveira, disse que as suas equipes estão sendo
trocadas diariamente e que não há prazo para a Polícia
Civil sair do local.
O delegado acrescentou que possui várias informações
de onde estariam outros traficantes que ainda não foram
presos. Ele afirmou que vai checar todas as denúncias,
sem precipitação, e que irá prendê-los, seja no Complexo
do Alemão ou em qualquer outra favela onde eles possam
ter se abrigado.
O comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique
Moraes, disse que seus policiais estão tirando escala de
30 horas de serviço para conseguir vasculhar com
detalhes cada parte do Complexo do Alemão. Nesta
segunda-feira, 180 homens realizam buscas no Complexo e
na parte alta, numa localidade chamada Areal, onde há
uma pedreira. Policiais da Companhia de Cães do Batalhão
de Choque fazem essa revista detalhada nas casas e
vielas.
Para o coronel, a entrada no Complexo do Alemão
representou "uma humilhação para essa facção criminosa
que se dizia valente e subjugava os moradores".
Paulo Henrique Moraes informou ainda que 90 homens da
corporação passaram a madrugada na favela. Segundo o
oficial, os militares ficaram distribuídos em seis
comunidades do complexo.
- É fundamental que nós façamos uma limpeza da
comunidade. Queremos descobrir guarda de armas e
possíveis marginais que ainda estejam na comunidade -
disse ele, em entrevista à TV Globo.
O comandante reconheceu que é possível que alguns
bandidos tenham fugido da comunidade:
- Eles tentaram de diversas formas. Alguns tentavam
fugir vestidos de religiosos, de mata-mosquito. Alguns
conseguiram, é possível. Eles podem ter ido também em
direção ao Juramentinho fugindo pela tubulação.
Blindados em frente ao batalhão
Os doze carros blindados da Marinha e do Exército,
além dos blindados da Polícia Militar, continuam na
porta do 16º BPM (Olaria), que funciona como centro de
controle das operações que tomaram do tráfico de drogas
os complexos da Vila Cruzeiro e do Alemão. O cenário de
guerra continua montado, mas o clima é de paz e
tranquilidade.
Moradores nas ruas ficam observando possíveis novas
ações policiais. A tensão, antes estampada no rosto das
forças policiais que atuaram nessas favelas, deu lugar à
tranquilidade. Os pontos de ônibus estão cheios. Os
coletivos estão trafegando desde as 4h, quando um ônibus
da linha 908 (Bonsucesso-Guadalupe) passou pela Estrada
do Itararé. O veículo foi o primeiro a circular pela
via, durante a madrugada. No entanto, poucas Kombis e
taxis trafegaram pela estrada no mesmo horário.
No interior da favela, moradores tentam retomar a
rotina. Parte do comércio das ruas internas da
comunidade continua fechado. A Avenida Itaoca, no
entanto, em nada lembra o cenário de guerra do domingo:
a via está liberada ao tráfego nos dois sentidos, e o
comércio já está funcionando.
Os moradores sofrem, no entanto, com a grande
quantidade de lixo espalhado pelas ruas e vielas do
Complexo do Alemão. Desde sexta-feira, a Comlurb não
recolhe as sacolas com detritos.
Operários do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) já estão no local e devem retomar as obras,
paradas desde o início dos conflitos.
As aulas nas escolas e creches municipais localizadas
na região do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, no
entanto, ainda não voltaram ao normal. A Secretaria
Municipal de Educação informou que o reinício das aulas
na região será definido em uma reunião com o prefeito
Eduardo Paes, nesta segunda-feira.
A primeira noite com ocupação das forças de segurança
foi de aparente tranquilidade no Complexo do Alemão.
Durante a madrugada, o patrulhamento no entorno da
comunidade continuou, mas em número reduzido: militares
das Forças Armadas, e policiais civis e militares
ficaram de prontidão na Estrada do Itararé e na Rua
Joaquim de Queiroz, principal acesso à favela.
Policiais do Bope ficaram posicionados em pontos
estratégicos da comunidade. Veículos blindados das
Forças Armadas circularam pela Estrada do Itararé.
Moradores que entravam e saíam da comunidade também eram
revistados.
Um suspeito de 37 anos foi preso por uma equipe da
10ª DP (Botafogo), na noite de domingo, na Favela da
Grota, que fica no complexo. O homem foi preso com oito
carteiras de identidades, papelotes de cocaína, uma faca
e produtos eletrônicos, possivelmente roubados. Ele
disse que os documentos eram de parentes.
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