Médico Abdelmassih é
condenado a 278 anos de prisão
A juíza da 16.ª Vara Criminal de São Paulo,
Kenarik Boujikian Felippe, condenou hoje o médico Roger
Abdelmassih a 278 anos de prisão. Ele é acusado de
estupro e tentativa de estupro. O advogado José Luís de
Oliveira Lima disse que irá recorrer amanhã ao Tribunal
de Justiça (TJ). O médico poderá aguardar em liberdade
por ter sido beneficiado no ano passado por liminar em
habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
O Ministério Público Estadual acusava Abdelmassih de
ter cometido 52 estupros e 4 tentativas contra 39
mulheres - a maioria pacientes de sua clínica
especializada em reprodução assistida. As investigações
começaram em 2008 após uma ex-funcionária dele procurar
promotores de Justiça e relatar que o médico teria
tentado beijá-la à força.
Em 17 de agosto do ano passado, Abdelmassih foi preso
pela polícia. Ele passou quatro meses atrás das grades
até ser solto, às vésperas do Natal de 2009, por decisão
do ministro Gilmar Mendes, do STF.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas no curso da ação
penal contra o médico, entre vítimas e testemunhas de
defesa e de acusação. O processo soma cerca de 10 mil
páginas. A defesa de Abdelmassih, capitaneada pelo
criminalista José Luís Oliveira Lima, tentou mostrar que
os abusos relatados pelas pacientes eram fruto de
alucinações desencadeadas pelo uso de um sedativo.
Oliveira disse à reportagem, por telefone, que a
magistrada ignorou as provas que poderiam inocentar
Abdelmassih. "Respeito a decisão, mas confesso que
fiquei surpreso com a magistrada. Ela desprezou os
depoimentos de 200 familiares e pacientes, do doutor
Roger e as preliminares processuais que apresentei",
afirmou o advogado.
Desde julho o médico está impedido de exercer sua
profissão. Ele teve seu registro médico cassado por
unanimidade pelo Conselho Regional de Medicina de São
Paulo (Cremesp).
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