Em reunião fechada do conselho político do
governo, líderes aliados pressionaram o Planalto a
defender a legalização dos bingos para usar parte dos
recursos do jogo para a saúde ou para o aumento do
salário mínimo. O líder do PR, deputado Sandro Mabel,
propôs que o dinheiro de parte da arrecadação dos bingos
fosse para a saúde, ao invés de o governo criar um novo
imposto.
Já o líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho da Força Sindical, disse que os recursos
poderiam ajudar a pagar um valor maior para o salário
mínimo. As declarações foram vazadas pelo sistema
interno de som do Palácio do Planalto.
O relator do projeto de Orçamento, senador Gim
Argello (PTB-DF), avisou que "tem margem" para subir o
salário mínimo em 2011, mas avisou que o ministro da
Previdência, Carlos Gabas, pediu que "segurasse em R$
540" para evitar problemas para as prefeituras, que não
terão como pagar os novos valores. Segundo Argello, se o
mínimo ficar entre R$ 560 a R$ 600, vai bater no pico de
R$ 700 no ano que vem e já tem abaixo assinado de mais
de 600 prefeituras contra o reajuste".
Mabel chegou a ironizar o aumento do poder aquisitivo
da população. "Paulinho, nesta questão do aumento do
salário, precisa tomar cuidado. O povo quando fica rico,
fica mais exigente", afirmou Mabel.
Pouco antes da discussão do salário mínimo, o
deputado Paulinho da Força chegou a ameaçar o futuro
governo de Dilma Rousseff com uma greve nacional das
polícias militares, caso a PEC 300, que fixa o piso de
R$ 3.200 para os policiais militares e bombeiros dos
Estados não seja aprovada. Paulinho fez a advertência,
após ouvir do líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza
(SP), que era melhor que este assunto fosse conversado
somente no ano que vem, pela presidente Dilma e os
governadores. "É preciso continuar firme e não permitir
que se crie dificuldades para o novo governo", afirmou o
petista.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, um dos
que falou pelo governo, pediu aos parlamentares da base
aliada que "não aprovassem projetos que implicassem em
aumento de gastos", referindo-se não só à PEC 300, mas
ao aumento do judiciário. Segundo o ministro, a PEC 300
geraria gastos de R$ 43,5 bilhões por ano. Ele reclamou
que o impacto do judiciário é de R$ 7 bilhões e também
que muitos servidores recebem além do teto. "Como vai
dar reajuste se o cara ganha mais que o teto?"
O som da reunião foi cortado pouco depois da chegada
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.