Número de mortos por cólera
ultrapassa mil no Haiti
O Ministério de Saúde do Haiti informou nesta
terça-feira que o número de mortos pelo surto de cólera
no país já chegou a 1.034. Os números são de domingo e
foram revelados após dois dias de revisão.
Foram 117 mortos a mais que a última cifra. Só na
capital, Porto Príncipe, foram 38 vítimas da doença.
As más condições de higiene nos campos de refugiados
do terremoto de 12 de janeiro fazem temer um rápido
aumento da epidemia de cólera, altamente contagiosa, no
país mais pobre da América.
Funcionários de organizações humanitárias que estão
no Haiti afirmam ainda que a cifra pode ser subestimada.
O ministério afirma que mais de 16.700 pessoas foram
hospitalizadas em todo o país. Já a ONG Médicos Sem
Fronteiras relatam 12 mil apenas em suas clínicas.
Mais cedo, a OMS (Organização Mundial da Saúde)
afirmou que a prioridade neste momento é evitar a
propagação do surto de cólera no Haiti e tratar os
contaminados, e não investigar as causas da epidemia.
"A prioridade agora não é investigar a origem do
surto, mas controlá-lo e dar assistência aos doentes",
ressaltou a porta-voz da OMS Fadela Chaib em entrevista
coletiva em Genebra.
As declarações da porta-voz foram dadas depois que
surgiram rumores de que a epidemia pode ter sido
provocada pelas forças da Missão das Nações Unidas para
a Estabilização do Haiti (Minustah), que teriam
contaminado um rio em Mirebalais.
A porta-voz da OMS negou que a organização tenha
adotado alguma decisão formal para impedir a
investigação da origem da epidemia. "Não decidimos não
investigar, só dissemos que não é uma prioridade agora.
Mas talvez possamos investigar no futuro", ressaltou.
Ela também afirmou que a doença "estará presente
durante muitos anos no Haiti'. "A bactéria que a
transmite está presente no meio ambiente, e o sistema de
água e saneamento no Haiti está em um estado deplorável,
por isso a doença não deve desaparecer rapidamente",
alertou.
PROTESTOS
Nesta segunda-feira, dois homens morreram na região
norte do Haiti após confrontos com os soldados da
Minustah durante protesto pela epidemia de cólera no
país.
Os soldados nepaleses foram apedrejados durante a
manifestação em Hinche, região central do Haiti. Um
boato afirma que a epidemia de cólera, que deixou mais
de mil mortos até o momento, foi provocada pelas fossas
sépticas de um acampamento situado perto de Mirebalais,
também no centro do país, onde estão baseados vários
soldados nepaleses.
Os exames nos soldados nepaleses provaram que os
oficiais não têm relação com a epidemia, segundo
Ramindra Chhettri, porta-voz do Exército do país.
O corpo de um jovem de 20 anos foi encontrado diante
de uma base da Minustah em Quartier-Morin, uma cidade de
Cap Haitien, norte do país. Outro jovem morreu ao ser
atingido por tiros em uma rua de Cap Haitien.
A porta-voz da ONU em Genebra, Corinne Momal-Vanian,
disse que os protestos desta segunda-feira contra a
presença da Minustah no Haiti foram "politicamente
motivados" pelo período pré-eleitoral.
Além disso, referiu-se a um comunicado emitido pela
ONU em Porto Príncipe, que destaca que "foram feitos
vários experimentos" para verificar a responsabilidade
dos agentes da Minustah e todos deram negativo.
A porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos
Humanitários (Ocha), Elizabeth Byrs, fez uma chamada
urgente aos Estados-membros da ONU para que cumpram suas
promessas em matéria de financiamento para dar
assistência à crise humanitária no país.
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