O resgate dos mineiros
transformou-se em fenômeno de mídia
WASHINGTON (AFP) - O inédito e emocionante
resgate dos 33 homens soterrados em mina chilena deu a
volta ao mundo e foi comparado, por sua repercussão na
mídia, aos ataques de 11 de setembro e às eleições
presidenciais americanas de 2008.
Os canais de televisão ao redor do mundo dedicaram horas
de sua programação e transmitiram o resgate quase sem
interrupções. Os usuários do Facebook e do Twitter trocaram
comentários de maneira apaixonada sobre os mineiros e as
notícias publicadas nos jornais de todo o mundo, nos quais o
assunto ocupou a primeira página durante vários dias.
"É o tipo de notícia de que as pessoas gostam",
afirmou DanKennedy, um professor de jornalismo da
Universidade de Northeastern, em Boston, buscando
explicar a fascinação dos meios de comunicação e do
público com o destino dos mineiros.
"É um drama humano com final feliz", continuou. "Acho
que a mídia simplesmente quis fazer parte disso. Os
jornais pensaram que ia aumentar as vendas e foi o que
ocorreu".
Kennedy comparou o assunto aos ataques de 11 de
setembro de 2001, à invasão do Iraque de 2003, às
eleições presidenciais americanas de 2008 e ao
derramamento de petróleo na plataforma da BP,
acontecimentos recentes que captaram a atenção da
imprensa em igual medida nos Estados Unidos.
O jornal USA Today referiu-se ao fenômeno mundial
como o "mayor reality show jamais visto".
"O resgate dos 33 mineiros do que poderia ter sido
seu túmulo no deserto chileno foi o auge de uma história
mítica de morte e ressurreição que uniu brevemente o
mundo entre o temor e o deleite", dizia o jornal.
Os canais de TV a cabo americanos dedicaram horas de
cobertura ao vivo ao resgate e a CNN registrou um pico
de audiência quando o primeiro mineiro emergiu da
cápusula Fênix.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton,
que estava em Bruxelas numa reunião da Otan, admitiu que
esteve fascinada com a heroica operação.
"Foi difícil assistir a tudo, com a diferença
horária, mas não pude deixar de acompanhar", disse ao
programa "Good Morning America", do canal ABC.
Tim Miller, editor-chefe da Sky News, disse à AFP que
o canal britânico "transmitiu diretamente do Chile, sem
retornar a Londres, o que é raro na rede".
"Foi uma boa história com grandes emoções", disse.
"Tivemos cinco vezes mais audiência que o normal na
quarta-feira".
Na Alemanha, o canal N24 anunciou que a cobertura de
17 horas sem pausa só foi superada em audiência pelos
funerais de Michael Jackson em julho de 2009.
Na Coreia do Sul, o canal de notícias YTN disse que
não havia dedicado tanto tempo a outro evento desde o
ataque de 11 de setembro.
O canal francês TELE channel transmitiu 31 horas de
cobertura ininterrupta, a maior desde sua existência.
No Japão, a programação alternou o resgate ao vivo
com programas especiais sobre a façanha chilena e um
tenso debate no parlamento japonês.
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