Asilo eleva tensão
diplomática entre Chile e Argentina
Argentina e Chile enfrentam tensão na relação
diplomática. A chancelaria chilena convocou hoje o
embaixador argentino em Santiago para apresentar a
posição sobre a decisão do país de dar asilo político ao
ex-guerrilheiro chileno Sérgio Galvarino Apablaza. O
chanceler do Chile, Alfredo Moreno, afirmou que seu
governo lamenta profundamente a decisão argentina.
A extradição de Apablaza é considerada uma questão de
Estado para o Chile, tanto que o senador governista
Andrés Chadwick, da União Democrata Independente (UDI),
anunciou intenção de denunciar a Argentina junto aos
organismos internacionais. O anúncio de Chadwick, que é
cunhado do presidente chileno Sebastián Piñera, foi
qualificado de "palhaçada" pelo chanceler argentino,
Héctor Timerman.
"Não conheço o senador, nem nunca escutei falar dele,
mas o que ele diz é uma palhaçada", disse. "É tão
ridículo que me custa comentar", menosprezou Timerman,
em entrevista a uma rádio de Buenos Aires, na Alemanha,
onde se encontra acompanhando visita da presidente
Cristina Kirchner.
O ex-guerrilheiro foi líder da guerrilha Frente
Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) e é acusado de
participar do assassinato do senador de direita Jaime
Guzmán e do sequestro do empresário Cristián Edwards,
ambos ocorridos em 1991. O asilo foi concedido na última
quinta-feira, pela Comissão Nacional de Refugiados da
Argentina (Conare), contradizendo sentença emitida pela
Corte Suprema de Justiça, similar ao Supremo Tribunal
Federal. A Corte havia aprovado a extradição do
ex-guerrilheiro somente alguns dias antes da medida da
Conare.
Na última sexta-feira, durante viagem a Buenos Aires,
para a reunião emergencial da União de Nações
Sul-Americanas (Unasul) sobre a situação de tensão no
Equador, Piñera disse que o asilo concedido não
contribuía para as boas relações entre o Chile e a
Argentina.