Marina levará 15 dias para
anunciar apoio no segundo turno
SÃO PAULO (Reuters) - No dia seguinte da
eleição presidencial em que foi considerada responsável
por levar a decisão para o segundo turno, Marina Silva
mostrou cautela antes de anunciar apoio a Dilma Rousseff
(PT) ou José Serra (PSDB). Explicou que o PV vai levar
até 15 dias para anunciar a adesão a um dos dois
finalistas.
Contou que tanto Dilma quanto Serra a procuraram,
ainda no domingo, para parabenizá-la e a convidaram para
uma conversa sobre o destino de seus votos, se a
senadora concordar.
"Vou vivenciar o processo. Vou conversar com os
diferentes segmentos da sociedade. Vou participar da
convenção e vou firmar o meu posicionamento. Eu não
tenho ainda uma posição a priori, vou ser coerente com
as minhas convicções", disse Marina a jornalistas nesta
segunda-feira.
Ela afirmou que o PV vai iniciar um processo de
consulta aos movimentos sociais, ao empresariado, à
juventude, a acadêmicos e trabalhadores para, depois,
realizar uma convenção nacional.
Todo esse processo levará duas semanas. Como o
segundo turno está marcado para o dia 31, significa que
o partido terá pouco tempo para apoiar qualquer um dos
dois candidatos.
No ano passado, o PV estabeleceu que, se houvesse
segundo turno na eleição presidencial, seria necessária
a realização de uma convenção.
"Quanto a contatos com os candidatos, ambos me
telefonaram para me parabenizar pela contribuição que
demos ao país, e ambos muito rapidamente manifestaram o
desejo de ter uma oportunidade de conversar", relatou,
adiantando que a plataforma de governo será a referência
para a decisão.
Um integrante do PV afirmou que houve muitos contatos
com os dois lados da disputa entre domingo e esta
segunda-feira, até porque há "muitos amigos" entre eles.
Com 19,6 milhões de votos recebidos por Marina no
primeiro turno, seu apoio e de seu partido se
transformaram em fonte de cobiça entre as campanhas do
PT e do PSDB. Dilma obteve 46,9 por cento e Serra, 32,4
por cento.
Durante esta segunda-feira, Serra afirmou que tem
"elementos para aproximação" com Marina, enquanto Dilma
disse que acredita ter mais proximidades do que
diferenças com a ex-companheira de ministério.
Antes da entrevista de Marina, o presidente da
legenda no Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis, disse à
Reuters que a direção do partido vai conversar com os
dois candidatos para discutir um programa comum que
inclua não somente aspectos ambientais --como a
discussão do código florestal e a execução dos
compromissos acertados em Copenhague--, mas também temas
como educação e segurança.
"Entendemos a ansiedade dos dois candidatos. O fato é
que é um processo de 15 dias", disse Sirkis, que foi
eleito domingo deputado federal.
Questionada sobre a declaração de apoio a Serra por
parte de Fernando Gabeira, candidato derrotado ao
governo do Rio de Janeiro pelo PV, Marina disse
tratar-se de manifestação pessoal. "Eu vou preferir
fazer minha manifestação na instância partidária",
reiterou.
Em São Paulo, o PV já apoia o governo do Estado,
comandado pelo PSDB, e a prefeitura de São Paulo, nas
mãos do DEM. No município, ocupa duas secretarias: do
Verde e Meio Ambiente e da Pessoa com Deficiência.
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