Marina se esquiva de julgar
posição de candidatos sobre aborto
Durante entrevista para o Terra TV, na tarde
desta quinta-feira (14), a senadora e ex-candidata à
presidência da República pelo PV, Marina Silva, criticou
a cobertura da imprensa sobre os temas relacionados ao
aborto e às questões religiosas. A senadora disse ainda
que, durante a disputa no primeiro turno, sentia que as
perguntas que envolviam estes assuntos eram voltadas
"quase que exclusivamente" a ela. "Nos debates do
primeiro turno, sentia que essas questões eram dirigidas
à mim e pensava: "será que tem a ver com minha fé
religiosa?'".
Marina afirmou que debateu com clareza as questões
sobre aborto e religião. "Eu tenho a alegria de dizer
que as debati e coloquei a minha posição contrária, por
questões religiosas e filosóficas. Não as escondi.
Espero que não tenhamos uma visão preconceituosa nem em
relação a quem crê e nem a quem não crê", defendeu a
ex-candidata.
Como o aborto tem sido a principal questão em pauta
no segundo turno, Marina foi questionada sobre a opinião
dos candidatos José Serra e Dilma Rousseff em relação ao
tema. "Eu não tenho condições de julgar a fé das
pessoas. Se ele (Deus) não julgava, como é que eu vou
julgar". Em seguida, a senadora foi questionada sobre a
existência de um Estado laico no Brasil, porque o aborto
não poderia ser legalizado sem a geração de polêmica.
Ao responder, Marina, como vinha fazendo no período
de campanha, defendeu a realização de um plebiscito
popular. "Vai ser sempre a vontade da maioria da
população, de uma sociedade democrática. Existe também
outra parte da população tem posição contrária e eles
tem o direito de expressar a sua posição. A gente tem
que defender a liberdade de expressão para todas as
questões. Cada um tem o direito de expressar a sua
condição religiosa sem ser satanizado", explicou.
Sobre o perfil político dos presidenciáveis José
Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), Marina afirmou: "os
dois são pessoas com uma visão desenvolvimentista, não
vem pela busca da sustentabilidade ambiental e das suas
diferentes dimensões". Segundo a senadora, seus
adversários no primeiro turno apresentam perfis
gerenciais muito semelhantes, mas o segundo turno é uma
"benção", já que os dois terão oportunidades de se
diferenciar.