Marina muda tática para
enfrentar direção do PV
Sem maioria na Executiva Nacional do PV, Marina
Silva adotou nova tática para ganhar força na queda de
braço com o comando da sigla, que se inclinava a
declarar apoio imediato a José Serra (PSDB).
Depois de propor no domingo uma "plenária" com
intelectuais e apoiadores de fora do PV, ela defendeu ontem
que a decisão seja tomada por uma "convenção nacional" do
partido, a ser convocada em até 15 dias.
Marina disse que anunciaria sua decisão após o
encontro, sem deixar claro se acataria a decisão
aprovada.
Filiada ao PV há um ano, ela controla apenas 10 dos
60 votos da executiva. Aliados admitem que o órgão tende
a apoiar Serra mesmo que ela confirme a intenção de se
declarar neutra, como a Folha antecipou no sábado.
Numa convenção mais ampla, seriam ouvidos cerca de
150 verdes, entre eles "marineiros" que não têm assento
na cúpula partidária, como Fábio Feldmann, Ricardo Young
e Paulo Salamuni.
Assim ficaria mais fácil aprovar a neutralidade,
livrando Marina do constrangimento de desobedecer à
orientação do partido. Outro objetivo da manobra é
esvaziar o poder do presidente do PV, José Luiz Penna,
aliado de Serra e do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Num recado à direção da sigla, a senadora disse ontem
que os 19,5 milhões de votos mostram que o projeto
representado por ela é "muito maior do que o nosso
partido". Segundo Marina, isso já seria admitido por
"boa parte da direção do PV."
Cobrado por aliados da senadora, Penna mudou o tom do
discurso e deixou de descartar publicamente a
neutralidade no segundo turno.
Se a tese de Marina prevalecer, a tendência é que a
maior parte do PV declare apoio a Serra, mas a direção
libere os filiados para assumir outras posições. Uma ala
minoritária seria autorizada a apoiar Dilma.
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