Soldado americano conta em
vídeo que matou civis afegãos por 'esporte'
Um soldado americano conta como participou do
assassinato de um civil afegão a sangue frio e sem
motivo, por "esporte", e sob influência de drogas
ilegais, em um vídeo de interrogatório militar divulgado
pela rede CNN.
O caso envolve membros da 5ª brigada de combate da 2ª
divisão de infantaria do Exército americano posicionada
no Afeganistão. Cinco são acusados de assassinato, e
outros sete são acusados de acobertar os crimes. Membros
do pelotão também foram acusados de desmembrar suas
vítimas e fotografar os corpos, além de exibir crânios e
outros ossos humanos como se fossem troféus.
No vídeo divulgado pela rede americana, um
investigador militar questiona Jeremy Morlock, um dos
cinco soldados americanos acusados de assassinato
premeditado de três civis afegãos. Morlock conta como,
em patrulha no começo deste ano, e sob comando do
sargento Calvin R. Gibbs, ele e outros soldados tiraram
um afegão de sua casa, colocaram-no de pé e o mataram.
Em resposta ao investigador, o soldado diz que o
afegão estava cooperando, não estava armado e não
representava uma ameaça em absoluto.
"Então, ele estava cooperando?", pergunta o
investigador, segundo a gravação exibida pela CNN.
"Sim", responde Morlock.
"Ele estava armado?"
"Não, não que nós soubéssemos."
(...)
"Você viu ele apresentar alguma arma? Ele foi
agressivo com vocês em algum momento?"
"Não, em absoluto. Nada, ele não era uma ameaça."
O advogado civil de Morlock, Michael Waddington, não
negou que seu cliente tenha matado por esporte. "Soa
como isso", disse ele em entrevista à CNN.
Waddington disse que seu cliente, de 22 anos,
apresentava danos cerebrais por ataques anteriores de
explosivos improvisados, usava remédios prescritos e
fumava haxixe, e estava sob influência e com medo de seu
comandante, que também é acusado, informa a CNN.
O CASO
A brincadeira macabra dos soldados teria começado no
último inverno, quando um afegão se aproximou de um
soldado na localidade de La Mohammed Kalay.
À medida que o homem se aproximava, o soldado criou
tumulto para dar a impressão que estava sob ataque. Seus
companheiros abriram fogo e mataram o afegão.
De acordo com a reportagem do jornal "The Washington
Post", o ataque não provocado aconteceu em 15 de janeiro
passado e foi o início de uma série de fatos parecidos,
que constituem uma das piores acusações já feitas contra
o soldados americanos desde a invasão do país em 2001.
O pai de um soldado afirma que tentou repetidamente
alertar o exército depois que seu filho lhe contou sobre
o primeira assassinato, mas que as autoridades não
quiseram dar atenção.
Os documentos militares, no entanto, afirmam que os
cinco membros da unidade protagonizaram no total três
matanças na província de Kandahar entre janeiro e maio.
Sete outros soldados foram acusados com crimes
relacionados ao caso, incluindo tentativas de impedir a
investigação e atos de retaliação contra os colegas
contrários aos fatos.
Os oficiais do Exército não proporcionaram um motivo
para as mortes, segundo o relatório.
Mas entrevistas com pessoas ligadas à investigação
sugerem que as mortes foram cometidas puramente por
esporte por parte de soldados alcoolizados e drogados.
Os soldados envolvidos negam todas as acusações,
acrescenta o jornal.
Fonte |