Brasileiras 'comuns' nas
capas de revistas sensuais
Brasília, 4 set (EFE).- Acessórios e lingeries
estudados até o último detalhe, maquiagem, luz para
destacar o melhor ângulo, tudo em clima de absoluto
erotismo. Em primeiro plano, uma mulher brasileira
'comum' que se transforma em uma verdadeira modelo de
capa da "Playboy".
As mulheres vencem a timidez, se despem e posam
perante fotógrafas profissionais para reavivar o desejo
de seus parceiros ou simplesmente elevar a autoestima ou
celebrar ocasiões importantes.
Trata-se de uma moda que "se estende por todo o
Brasil", disse à agência Efe a fotógrafa e diretora
Suely Matias, que acaba de abrir a primeira agência de
serviços fotográficos sensuais para mulheres em
Brasília, a Desabiê.
Toda a equipe que atende as clientes é formada por
mulheres, para "evitar possíveis ciúmes de maridos ou
namorados" e também para que se "sintam mais relaxadas",
segundo a diretora da agência.
O sonho de ser uma "playmate" é possível por meio de
um pacote de serviços que inclui cinco horas de cliques
em uma suíte de um motel ou de um luxuoso hotel,
maquiagem, bebidas para ajudar a relaxar e o resultado
final: uma verdadeira revista na qual as clientes são as
modelos.
As clientes podem escolher o cenário, embora a
maioria opte por ambientes mais íntimos, como quartos de
motéis ou suas próprias casas, que oferecem maior
privacidade.
Suely comentou casos como o de uma moça que, para
participar de um concurso de televisão, escolheu um
estádio para suas fotos, e outra, de 18 anos, que fez a
sessão fotográfica sobre uma mesa de bilhar.
Flavia Rorato, outra fotógrafa da agência, disse à
Efe que as clientes, no início, ficam tímidas e
nervosas, mas no fim relaxam e "tiram tudo", mas depois
"não escolhem fotos em que estão nuas" para a revista
final.
As proprietárias afirmam que "a clientela é variada",
e pode ir desde uma estudante de 18 anos até uma dona de
casa de 66, que queria fazer um presente para o marido
no dia dos namorados, ou uma mulher que, após terminar
uma relação de 11 anos "precisava elevar a autoestima
para sentir-se sensual".
Também há mulheres que fazem ensaios para uma ocasião
especial, como três amigas que decidiram fazer juntas um
ensaio fotográfico diferente, para dar de presente aos
namorados, e outras que querem marcar uma época
especifica de suas vidas.
Ainda há as que querem realizar o sonho de serem
"estrelas, pop stars".
Segundo as gerentes, os maridos que recebem a revista
ficam "realmente surpreendidos, pois descobrem uma nova
mulher" e às vezes, segundo as fotógrafas, voltam à
agência para posar junto da esposa.
A "Nude", agência de São Paulo dirigida por Darcy
Toledo e Jane Walter, oferece serviços que, inclusive,
inspiraram o autor Manoel Carlos a escrever a novela
"Viver a Vida", da Rede Globo, na qual a personagem de
Natália do Valle tinha uma agência semelhante.
As duas fotógrafas dizem ter cerca de 20 clientes por
mês em São Paulo, e, além disso, viajam por outros
estados para atender outras clientes. E a demanda tem
crescido.
"Durante a sessão, a maior dificuldade não é fazer
com que tirem a roupa", mas a falta de experiência para
posar diante de uma câmera, por isso é preciso
dirigi-las e "dizer-lhes que pensem em poses que os
maridos vão gostar", disse Jane à Efe.
A clientela abrange todas as profissões e também
mulheres de todos os tipos físicos, desde as mais magras
até as mais gordinhas, que também acabam posando sem
complexos.
O uso do programa de edição Photoshop "é limitado", e
é aplicado apenas para pequenos retoques. As fotógrafas
preferem trabalhar com a iluminação ou a maquiagem
profissional para não transformarem as pessoas, afirmou
Jane.
As agências têm um sistema de senhas para enviar por
e-mail cerca de 200 fotos às clientes, para que escolham
as 30 que farão parte da revista personalizada. Como era
de se imaginar, o serviço é personalizado e a discrição
é a alma do negócio.
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