Todo final de semana, Jennifer e Keith Yanowitz
tem a mesma briga. “Eu posso até prever”, diz Jennifer,
mãe de Alexandra, 5 anos, e Jordan, 3 anos. “Eu e o
Keith alternamos o dia de acordar cedo com as crianças,
assim um de nós pode dormir até tarde. Quando é a minha
vez, faço um café-da-manhã saudável enquanto elas
assistem a alguns minutos de TV”, explica. “Então nos
vestimos e lemos livros ou vamos ao playground. Gosto de
mantê-las ocupadas durante a manhã”.
O cenário é diferente quando é a vez do papai. “Quando
entro na sala, as meninas estão de pijamas e excitadas por
passar três horas grudadas na TV”, Jennifer diz. “Keith está
trabalhando em no laptop e em vez de dar um belo
café-da-manhã, ele deu a elas apenas alguns pedaços de
frutas”.
O lado ruim
Jennifer diz que o marido é um pai incrível e na maioria das
vezes eles se ajudam muito. “Mas essa é uma ferida aberta”,
admite. “Nós já discutimos isso, ele promete não fazer mais
– e nada muda!” A conversa vira discussão e as meninas se
metem: “mãe, pai, parem!” Todos já passamos por isso. “É
impossível concordar o tempo todo - e errado querer fazer
isso”, diz Tovah P. Klein, diretora do Barnard Center para o
Desenvolvimento Infantil de Nova York.
O problema é que brigar na frente das crianças pode
afetá-las mais do que imaginamos. “Até bebês de 6 meses são
sensíveis a todos os conflitos entre os pais”, diz E. Mark
Cummings, psicólogo da University of Notre Dame, em Indiana.
Estudos mostraram que a pressão sanguínea aumenta nas
crianças quando os pais brigam em sua frente. Elas não
entendem as palavras, mas registram o conflito e tentam
adivinhar o significado.
Novos estudos conduzidos pela equipe do Dr Cummings junto
com pesquisadores da University of Rochester descobriram que
a relação entre os pais, e como eles lidam com os conflitos
diários, são críticos para o bem-estar da criança. Quando os
pais se dão bem, a criança se sente mais segura para
explorar o mundo e aprender.
O lado bom
“As crianças precisam saber que até casais felizes podem
discordar, e que a raiva é uma emoção legítima e normal”,
diz Richard Gallagher, diretor do Instituto de Parentalidade
do Centro de Estudos de Crianças da New York University.
Emily Terry, de Boston, conta que ela e seu marido, Dave,
tentam não ter brigas feias na frente dos três filhos, só
“discussões animadas”. “Quero que saibam que faz parte da
vida”, explica.
“Se seus filhos não aprendem a verbalizar os sentimentos,
podem crescer acreditando que conflitos nunca se resolvem de
forma construtiva”, explica a psicóloga Susan Heitler,
terapeuta de casais e de família de Denver. Se você disser
“nós não estamos brigando”, quando é óbvio que estão, eles
não vão aprender a confiar nas próprias percepções e nem em
você.
Isso não significa que você precisa explicar a questão em
detalhes. “Papai e eu ficamos bravos um com o outro, mas
conversamos e já resolvemos” é suficiente. “Vocês não
precisam resolver todas as diferenças na frente deles”, diz
Dr Gallagher, “mas assuma a responsabilidade de sua parte na
discussão e tenha certeza de que a criança sabe que a briga
não é por culpa dela”. Se ela perceber que vocês realmente
resolveram as diferenças, ela vai aprender que as brigas
podem, sim, vir acompanhadas de fortes emoções, mas podem
levar a soluções.
Tópicos proibidos * Dinheiro
Passe a mensagem: “o dinheiro está curto, mas é mais do que
suficiente para cuidar de você”.
* Decisões de disciplina
Discuta as decisões centrais quando as crianças estiverem
dormindo.
* Questões não-resolvidas
Não envolva as crianças no assunto até ter um plano.
* Conversas sobre a criança
Discuta essas coisas entre vocês e o professor ou psicólogo,
e só.
* Questões que vocês já discutiram antes
Retome a discusão quando elas estiverem longe.