Futuro de Erenice fica comprometido
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A ministra da Casa
Civil, Erenice Guerra, deverá ser preservada no cargo se
o caso envolvendo seu filho e ela própria não evoluir
ainda mais. Já sua cogitada participação num eventual
governo Dilma Rousseff não deve acontecer.
A informação foi dada por uma importante fonte da
campanha. Segundo esse interlocutor, não há provas
contra ela, "apenas ilações". Além do mais, uma demissão
da chefe da Casa Civil serviria de "munição para a
campanha de José Serra" (PSDB) na reta final da disputa.
"Não acho que ela vá ser demitida. Não há provas
contra ela, a não ser que algum fato novo ocorra. Agora,
certamente fica comprometida no (futuro e eventual)
governo", disse a fonte sob condição do anonimato.
A revista Veja publicou no fim de semana denúncias de
que seu filho Israel Guerra faria tráfico de influência
quando Erenice era a secretária-executiva de Dilma na
Casa Civil. Ele teria agilizado um contrato de um
empresa com os Correios.
Na condição de braço direito da presidenciável
petista, a simples suspeita sobre a ministra esvazia seu
cacife para ocupar um posto.
Nas últimas semanas, crescia a possibilidade de
Erenice continuar à frente da Casa Civil caso Dilma
vença a eleição. Essa avaliação de integrantes do núcleo
duro da campanha levava em conta justamente a
proximidade entre a ex com a atual ministra.
"Com Erenice, a Casa Civil seria a Dilma", comentou
outra fonte há duas semanas, acrescentando, naquela
ocasião, que era mais fácil a atual ministra permanecer
no posto do que Antonio Palocci, cotado para a cadeira,
assumir.
A Casa Civil ganhou o status de super-ministério com
José Dirceu. A imagem manteve-se com Dilma, e a pasta
ganhou ainda a gerência dos principais programas
federais.
O episódio de suposto tráfico de influência atinge,
portanto, o coração do Palácio, e o PT evita que, por
associação, atinja também o sistema nervoso central da
campanha. Tenta isolar a denúncia a um "problema do
Executivo". Essa, ao menos, é a ordem em vigor.
O governo concluiu que é preciso dar uma resposta
rápida para não causar danos à candidata. Começou a
tomar providências abrindo um processo de apuração de
infração ética na Comissão de Ética Pública da
Presidência da República. O órgão foi provocado pela
própria Erenice.
A denúncia já resultou na queda de um funcionário
supostamente envolvido.
Nesta segunda-feira, o assessor da
secretaria-executiva da Casa Civil Vinícius de Oliveira
Castro pediu exoneração da função. Ele é citado por Veja
como envolvido num possível esquema de tráfico de
influência ao lado de Israel Guerra.
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