O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, deu
novos detalhes sobre o quanto ficou doente quando foi
forçado a desistir do poder há quatro anos, dizendo numa
rara entrevista que ele estava fraco, perigosamente
magro e pensou algumas vezes que iria morrer. "Estava às
portas da morte, mas voltei", disse o líder cubano, ao
jornal mexicano La Jornada, em entrevista publicada
hoje.
O relato é um dos maiores que ele concedeu desde que
deixou a presidência cubana há quatro anos. Desde então,
o irmão mais novo de Fidel, Raúl, governa Cuba, embora o
ex-presidente permaneça no comando do Partido Comunista.
Fidel voltou à cena em julho, após quase quatro anos
nos bastidores, usando suas frequentes aparições para
alertar que um iminente conflito de Israel e dos Estados
Unidos contra o Irã levou o mundo à beira de uma guerra
nuclear.
Fidel, com 84 anos, conversou apenas com jornalistas
da controlada mídia estatal cubana, com exceção de uma
entrevista dada em 8 de agosto para jornalistas
venezuelanos - na qual ele afirmou duvidar que a crise
diplomática entre Venezuela e Colômbia fosse acabar numa
guerra.
Numa entrevista de quatro horas ao editor do La
Jornada, Fidel disse que durante sua enfermidade seu
peso caiu para 66 quilos - muito pouco para um homem que
tem 1,90 metro de altura e famoso por ser corpulento -
mas disse que agora está pesando 86 quilos. "Não podia
esperar viver muito mais, eu me perguntei várias vezes
se essas pessoas (os médicos) me manteriam vivo sob
essas condições ou se eles me permitiriam morrer".
O governo cubano nunca esclareceu oficialmente de
qual doença Fidel sofria quando ele ficou enfermo em
julho de 2006. Foi amplamente informado que ele sofria
de complicações envolvendo diverticulite, uma doença
intestinal comum em pessoas mais idosas. Ele disse que
passou por várias cirurgias e mencionou o fato novamente
na entrevista ao La Jornada.
Fidel foi tratado em um lugar não identificado,
embora tenha mantido sua coluna de opinião no jornal
estatal Granma. Desde que voltou a reaparecer em público
de maneira ostensiva, no mês passado, ele tem parecido
mais saudável. A voz do político cubano parece ganhar
força quando ele fala. Na entrevista, Fidel descreve seu
período de internação, numa cama de hospital e ligado a
aparelhos, enquanto se perguntava quanto tempo teria
antes que seu sofrimento acabasse.