Guerra interna fez Lula
demitir diretores dos Correios
Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou a
decisão de demitir, a 60 dias das eleições, o então
presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e o
diretor de gestão de pessoas, Pedro Magalhães Bifano,
sabia que, além do descalabro administrativo, havia uma
guerra de facções prestes a explodir na estatal, informa
o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete
(íntegra somente para assinantes do jornal e do UOL).
Segundo a coluna, pouco antes da degola, Custódio e
Bifano tiveram uma briga feia, em que trocaram todo tipo de
acusações. Foi numa reunião de diretoria, e a gravação do
encontro foi mostrada a Lula, que então concluiu que a
situação era insustentável.
Na ocasião, Lula também demitiu o diretor de
Operações dos Correios, Marco Antônio Marques de
Oliveira. Sua vaga foi ocupada pelo coronel Eduardo
Artur Rodrigues Silva. Hoje, no entanto, o coronel
apresentou sua carta de demissão do cargo após ter seu
nome envolvido nas acusações que derrubaram a ministra
da Casa Civil, Erenice Guerra.
Silva tinha ligações com a empresa MTA Linhas Aéreas,
pivô da queda, e estaria atuando para transformá-la na
empresa de carga aérea oficial dos Correios após as
eleições. Silva seria ainda o testa de ferro do
empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA.
Erenice deixou o governo na semana passada após
reportagem publicada pela Folha na qual sócios da
empresa EDRB, de Campinas (SP), acusam seu filho Israel
e um assessor de pedir R$ 240 mil mais 5% de comissão
para agilizar a liberação de crédito do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A revista "Veja" também trouxe reportagem que aponta
que o filho da ministra e a empresa Capital Assessoria e
Consultoria Empresarial, à qual é ligado, fizeram lobby
para ajudar a MTA a obter a renovação de uma concessão
da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Na última sexta-feira, a Comissão de Ética Pública da
Presidência entendeu que Erenice cometeu falta ética e
aprovou, em votação unânime, a aplicação de censura à
ex-ministra. Ela deixou de apresentar à comissão
documentos com informações sobre a sua evolução
patrimonial e relação de parentes ocupando cargos
públicos.