Lula quer saber da
PF qual o motivo da quebra de sigilo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu
hoje esclarecimentos da Polícia Federal (PF) e quer
saber qual a motivação política para a quebra de sigilo
de tucanos próximos ao candidato do PSDB à Presidência,
José Serra, e de sua filha Verônica Serra. Hoje, durante
a reunião de coordenação política, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, informou ao presidente que no
caso dos acessos realizados em Formiga (MG), pelo
analista tributário Gilberto Souza Amarante, "não houve
quebra de sigilo, mas apenas acesso dados cadastrais".
No entanto, Lula não quis tratar o caso com a mesma
simplicidade de Mantega na questão de Formiga, assim
como os demais episódios. O presidente pediu explicação
para o ocorrido o mais rápido possível. No sábado,
porém, em discurso feito durante um comício em
Guarulhos, na Grande São Paulo, o presidente tratou com
com desdém as violações dos sigilos fiscais.
"O presidente reafirmou que quer que a Polícia
Federal esclareça à população brasileira o que aconteceu
desde o começo, doa a quem doer, independente de quem
venha a ser não só investigado, mas identificado como os
responsáveis", declarou hoje o ministro das Relações
Institucionais, Alexandre Padilha, em entrevista. Ele
disse ainda que o presidente quer saber "qual a
motivação da quebra do sigilo".
Mais uma vez o governo tentou desvincular as quebras
de sigilo fiscal com as eleições. "O governo não pode e
não admite que isso seja tratado como uma questão
eleitoral", declarou Padilha.
Para ele, "a oposição tenta transformar o que
aconteceu em setembro do ano passado, quando não havia
nem definição de quem seria o candidato do PSDB, estava
uma disputa interna no PSDB para ver qual seria o
candidato, num palanque eleitoral". "Até por isso o
governo quer a apuração correta até o final. Queremos
saber desde o começo: o que acontecia em setembro do ano
passado, em abril do ano passado, para as pessoas terem
interesse em buscar essas informações."
Apuração 'do começo ao fim'
Depois de reiterar a insistência de Lula em apurar o
caso, Padilha contou que o ministro Mantega relatou que
foram quebrados o sigilo "de um número expressivo de
pessoas, mais de cem pessoas" e que o ministro disse que
"não é algo que tem uma motivação única, não tem uma
direção única, e que cabe à receita e à PF fazer todo o
processo de apuração".
Segundo Padilha, Lula não teme em nada o processo de
investigação. "O que ele quer é que essa apuração vá do
começo ao fim. Até porque ele considera que isso não
pode ser de forma alguma ficar aberto para ser utilizado
pela oposição ao presidente Lula no palanque eleitoral",
disse.
Padilha lembrou que Mantega não esclareceu se os
demais acessos aos CPFs na Receita tinham ou não
autorização para serem feitos, qual a motivação e se
havia solicitação para isso. O ministro das Relações
Institucionais insistiu que o presidente Lula "orientou
mais uma vez ao ministro Guido Mantega que a
Corregedoria da Receita Federal acelere o processo de
apuração".
Garantia
Questionado sobre que garantia a população teria de
que a apuração por parte de órgãos do governo será
isenta, Padilha disse: "A garantia que a população tem
que ter é a garantia dos serviços que a Polícia Federal
vem fazendo ao País. A PF vai apurar de forma
prioritária este caso. Inclusive é fundamental o
trabalho da PF para que não se permita que o debate
eleitoral venha contaminar o processo de apuração."
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