Kirchner considera difícil
adotar moeda única regional
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que
atualmente é secretário-geral da União de Nações
Sul-Americanas (Unasul), levantou dúvidas hoje sobre a
criação de uma moeda comum na região. "É muito difícil
lidar com uma crise internacional, como na comunidade
europeia, se os países não têm a mesma economia, os
mesmos sistemas", disse ele ao ser questionado sobre o
potencial da América Latina adotar um regime de moeda
única.
"Se nós não temos as mesmas estruturas e políticas,
como ter um único banco central? A moeda única é algo
difícil de implementar", comentou Kirchner, usando a
Grécia como exemplo de como tal sistema seria
impraticável.
No ano passado, os líderes da Aliança Bolivariana
para as Américas (Alba) afirmaram apoiar a criação de
uma moeda comum para que os membros do bloco não
precisem mais do dólar. Em julho, Equador e a Venezuela
realizaram sua primeira transação comercial usando o
sucre, uma moeda virtual.
Além disso, o presidente do Equador, Rafael Correa,
disse que coordenar as políticas monetárias ajudaria a
evitar oscilações no câmbio e permitiria que as moedas
flutuassem dentro de margens limitadas. Ele também
afirmou que a medida ajudaria a evitar desvalorizações
competitivas de moedas.
Kirchner, que é marido da atual presidente da
Argentina, Cristina Fernández Kirchner, foi eleito em
maio dirigente da Unasul, que reúne 12 países da América
do Sul (além da Argentina, fazem parte a Bolívia,
Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai,
Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela).
Para alguns, o bloco é visto como uma plataforma para
que Kirchner se candidate novamente à presidência
argentina em 2011. Mas ele afirmou hoje que ainda não
está decidido se ele ou Cristina vão concorrer nas
eleições do ano que vem.