Procuradoria destitui
senadora Piedad Córdoba por ligações com as Farc
A Procuradoria Geral da Colômbia [Ministério
Público] destituiu do cargo e inabilitou por 18 anos a
senadora Piedad Córdoba, do Partido Liberal, por
promover e colaborar com a guerrilha das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia).
A senadora tem direito a apresentar um recurso ao mesmo
procurador. O advogado da senadora, Ciro Quirós, disse aos
jornalistas que tomará "as ações pertinentes, com vistas a
deixar sem efeito" a sanção.
Piedad Córdoba pertence ao Partido Liberal, que fazia
oposição ao ex-presidente Álvaro Uribe, e defende uma
saída negociada para o conflito interno vivido pela
Colômbia há mais de 40 anos.
Ela foi mediadora ante às Farc para a libertação
unilateral por parte da guerrilha de uma dezena de
sequestrados nos últimos anos. Ela participou das
libertações unilaterais, em 28 e 30 de março, do soldado
Josué Daniel Calvo e do sargento Pablo Emilio Moncayo
--sendo que o último havia sido sequestrado há mais de
12 anos. Também colaborou na entrega dos restos mortais
do capitão de polícia Julián Guevara, capturado em 1998
e morto em cativeiro em 2006.
As três iniciativas contaram com o apoio do governo
brasileiro, que forneceu helicópteros de sua Força Aérea
--bem como a tripulação responsável pelas aeronaves-- a
fim de possibilitar as operações. Anteriormente, no
início de 2009, o país já tinha participado de ação
semelhante, que culminou na libertação de seis reféns.
PROVAS
Um comunicado do órgão, encarregado do controle
disciplinar dos funcionários públicos, informou que o
procurador geral da nação, Alejandro Ordóñez, "sancionou
disciplinarmente a atual senadora Piedad Córdoba Ruiz
com destituição e inabilidade pelo período de 18 anos".
A investigação começou a partir de documentos
encontrados nos computadores do ex-porta-voz
internacional das Farc Luis Edgar Devia, conhecido como
"Raúl Reyes", que foi morto em um ataque do Exército
colombiano no Equador, em 1º de março de 2008.
A partir da informação obtida, "foi possível
estabelecer que na troca de documentos entre o grupo
guerrilheiro e a senadora --nos quais ela se identificou
como 'Teodora', 'Teodora de Bolívar', 'La Negra' e 'La
Negrita'--, a parlamentar extrapolou suas funções, assim
como na autorização dada pelo governo para gerenciar o
intercâmbio humanitário", segundo a procuradoria.
Segundo uma fonte, também foram usados como provas
outros materiais, tais como "saídas de emigração da
senhora Córdoba, grampos telefônicos legais dos membros
do grupo Libardo García de Cali e a declaração dada por
um infiltrado de nacionalidade ucraniana, Viktor
Tomnyuuk, que teve contatos com o comandante do Frente
30, chamado 'Mincho'."
O Ministério Público estabeleceu assim que "com
certeza" a senadora colombiana aconselhou as Farc a não
enviar vídeos de pessoas sequestradas, mas sim gravações
de voz, "a fim de adotar uma melhor estratégia em busca
de seus objetivos.
Córdoba também deu às Farc, segundo a procuradoria,
informações "sobre assuntos diferentes à liberação de
sequestrados, entre eles possíveis doações de governos
internacionais a Departamentos [Estados] colombianos".
A Procuradoria disse ainda que ela "instruiu e pediu
às Farc que fornecessem provas de vida dos sequestrados
para favorecer governos de outros países", sem mencionar
quais.
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